domingo, 25 de julho de 2010

Colecionando recordações - lembranças de um pai ausente

Sim, sou eu.

Voces que me conhecem e acham: mas o Pastor Mario, tao bonzinho.

Minha esposa e filhos podem nao concordar com voce. Eles me conhecem melhor. Mas gracas a Deus me amam.

Estive ausente da vida dos meus filhos, ocupado demais com um emprego que me sugava e com o ministerio que eu tinha de fazer dar certo.

É lógico que eu orava e buscava a Deus, mas um dia percebi que eles tinham crescido e eu quase nao havia conversado com eles, jogado com eles, ido a praia com eles (moramos em Recife e depois em Santos). Iamos juntos a Igreja.

Foi lá em em Jundiai, quando fiz o curso Veredas Antigas, que comecei a acordar um pouco mais pra isso. Eu nao tinha consciencia das minhas falhas.

Digo isso porque ainda estou acordando e vez por outra acho que vejo nos olhos de minha esposa e filhos um doce olhar de esperanca, como se esses olhos me dissessem: ah! ele esta acordando um pouco mais.

Me perdoem, sou cego e as vezes nao vejo e as vezes nao quero enxergar e perceber minhas proprias falhas. É muito duro.

Achei este velho poema que escrevi, acho que em Recife ainda, nao tenho certeza e sempre tive vergonha de mostrar, porque iria expor minhas fraquezas.

Mas estou novamente tao longe deles, em Hong Kong e hoje volto pra Taiwan...

Meu coracao esta apertado e o poema num papel dobrado, ja meio amarelo de velho na minha carteira.

Queria que eles soubessem... como dizem os americanos: I'm sorry... I'm so sorry...

Nao peco desculpas, peco perdao.

Talvez voce que le, passe pelo mesmo que eu passei. E pode talvez se arrepender como me arrependi, lendo estas palavras. Jesus é o caminho de volta pra casa.

Me perdoem: por nao ter sido o marido que eu devia, nao ter sido o pai que eu devia e incluo minhas noras, meus pais, irmaos e meus amigos neste pedido de perdao.

Falhei com todos voces: estive ausente, nao escrevi, nao telefonei, me omiti em momentos importantes das suas vidas.

Mas nunca os esqueci. Me perdoem.

Minha Waninha, meu amor, me perdoe. Voce tem levado o fardo mais pesado comigo por quase trinta anos. Como sou grato a Deus por sua vida, a paciencia e sabedoria que Deus tem te dado.

O poema, finalmente (nao sou poeta, nem pretendo ser, perdoem tambem minha falta de habilidade nessa area)


Corações feridos

Minha esposa, meus filhos, minha filha
Coracoes feridos por um pais ausente
Onde as flores, onde os joguinhos?
Onde os abracoe e beijos?

Cade o sorriso de reencontro?
A emocao do apertar das maos?
A voz embragada no telefone?

Para onde foram sentimentos tao lindos
que tínhamos?
Como reconstruí-los?

Caio na real
Caí na real
O salário ja nao compra o essencial

Mas o essencial está ali
A vista dos olhos, ao alcance das maos
A esposa, os filhos, a filha
Tao lindos, tao amorosos

Olhares cheios de esperanca, cheio de emocao

O coracao bate forte quando me aproximo deles
Ou quando por um momento me afasto

Quilometros geograficos
Milimetros emocionais

Quem nos re-uniu?

Dor rima com amor
Cruz rima com Jesus

Por Mario H. Bragança

Um comentário:

Moacir disse...

Querido Mário.

Como falta nos dias de hoje palavras que são capazes de provocar lágrimas nos olhos.

Como falta nos dias de hoje letras tiradas do coração com profunda sinceridade.

Hoje! ausencia de homens capazes de se verem como são, quase não existem.

Estas palavras, que acabei de ler,me provocaram e lagrimas vieram no meu rosto,me fizeram olhar mais para mim mesmo e tentar enchergar em minha alma atitudes que podem ser mudadas em relação a minha casa aos amigos em fim ao mundo em minha volta.

Valeu mesmo. Paz.

Moacir.