quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Vendo o invisível

Eu tive uma criação suficientemente religiosa.

Eu ia na missa, obrigado. Eu não estou agradecendo, eu ia obrigado.
Minha criação foi suficientemente religiosa para me afastar de Deus.

Na realidade eu não cheguei a me afastar pois eu sempre estive longe e francamente, até me esforcei mas não encontrei Deus nos templos ou na religiosidade.

Para complicar a minha história eu tinha ganhado de uma tia a Bíblia em Quadrinhos. Que presente fantástico.

Li aquela Bíblia em cinco ou seis volumes muitas vezes. Eu gostava de ler. As histórias da Bíblia me fascinavam. Jesus me fascinava.

Mas eu não encontrava nada disso na Igreja. La nada acontecia. Nada de milagres, nada de sobrenatural, nada das palavras que eu lia e que me sacudiam o coração.

Me lembro também de umas poucas histórias congeladas em minha memória há mais de 40 anos. Histórias da Bíblia que meu pai me contava, lendo de uma velha Enciclopédia Trópico. Nunca me esqueci de quando ele me contou de Jacó que dormiu tendo uma pedra por travesseiro e que sonhou com uma Escada que ia ao céu e os anjos subiam e desciam por ela.

Muitas vezes em solidão me lembrei de Jacó solitário no meio do nada, mas perto de uma escada que subia ao céu.

Quando eu estava no ginásio, num colégio de orientação religiosa, o irmão Geraldo, meu professor de religião informou nossa classe que durante a aula eles nos daria liberdade para dormir ou para ler um livro.

Eu tinha ganhado um Novo Testamento dos Gideões Internacionais e por sentimento de obrigação religiosa (eu era meio fariseu) achei que sendo uma aula de religião deveria ler um livro religioso e comecei a ler, sem entender, mas mesmo assim eu lia.

Fiz descobertas experimentais surpreendentes: os quatro testamentos contavam a mesma historia. Hoje isso me parece tao obvio mas para mim aos 12 anos foi uma grande descoberta.

Esse confronto Bíblia (quente) X Igreja (fria) me levou a uma indagação: Será que Deus existe mesmo?
Não vejo nada de interessante ou sobrenatural na Igreja. Deus não deve existir.

É claro que antes de formular essa questão na minha mente, eu como católico tive medo. Afinal se Deus realmente existisse é claro que Ele conheceria meus pensamentos e poderia cair um raio do céu ou eu ter um chilique e morrer nas mãos de um Deus irado.

Deus é muito paciente.

Eu me tornei um ateu convicto. Eu queria provar aos outros que Deus não existia. Afinal de contas se Ele existisse teria caído um raio, mas não caiu. Minha religião era provar que Deus não existia.

Anos se passaram.

Não sei bem porque mas resolvi provar para o Júlio, o George e o Lincoln (colegas da Unicamp) que Deus não existia. Comprei uma Bíblia em 1978 e comecei a lê-la para encontrar contradições e provar minha superioridade intelectual e que Deus não existia.

Deus tem um ótimo senso de humor. Ele joga a isca, prepara o pano de fundo e espera.

Lá estou eu lendo a Bíblia para provar que Deus não existe e de repente vem aquele sentimento gostoso de estar lendo coisas tao lindas, tao boas. As velhas histórias de Jesus, de novo mexendo comigo.

Eu estava no quarto ano de Engenharia Elétrica Eletrônica na Unicamp.

Quando a gente trabalha com eletricidade começa a acreditar em coisas que não vê e nem existem:

・ Você aprende que a corrente corre do lado mais positivo para o mais negativo, mas de fato isso não ocorre. Pensava-se que partículas positivas fluíam pelo condutor. Depois descobriram que não existiam as tais partículas mas outras, os famosos elétrons, que eu nunca vi, mas que dizem que existem e que vão do lado mais negativo para o positivo.
・ Depois que elaboraram as leis básicas da Eletricidade, perceberam esse pequeno erro conceitual, mas V=R.I funciona do mesmo jeito (é a lei de Ohm).
・ E você aprende a trabalhar também usando números complexos ou seja números que não existem tal como a raiz quadrada de um número negativo, mas por alguma razão isso funciona em eletricidade.

Bem depois de acreditar em partículas positivas que não existem e em números que também não existem crer em Deus é muito fácil.

De fato precisa-se de muita fé para ser ateu. Pois se Deus não existe, tudo passou a existir por acaso, ou seja:
O nada interagindo com o nada por milhões de anos criou tudo.

Bem ser ateu é como votar no Brasil. Você tenta escolher a opção menos ruim.
E você não tem muitas alternativas.
Olha para a religião e não vê Deus. Vai aos templos e não vê milagres.

Onde você escuta falar de milagres, quando escuta ou de algo sobrenatural as pessoas parecem ter caráter duvidoso, são estranhas ou tem alguem cobrando pela sua benção.

Isso é tudo tao diferente da Bíblia. É tao diferente de Jesus.

Jesus me encontrou e eu o encontrei. Ele dissipou as minhas dúvidas, falou ao meu coração.
Encontrei paz, encontrei a salvação.

Encontrei também boas Igrejas, gente fiel, honesta, pastores santos, amigos e irmãos sinceros.

Por isso e por tantas outras coisas, por tantos milagres que vi, por tantas bençãos que desfrutei e desfruto, quero ser fiel a Ele.

Mas ainda que não tivesse neste mundo recebido nada, só a alegria de conhece-lo, a certeza de que Ele é o Messias de Israel, o Filho de Deus, a única esperança e caminho para a salvação... só esta certeza já me provoca o desejo de ser fiel até a morte para um dia receber dele a Coroa da Vida.

Você também usa eletricidade. Creia em Deus. Veja o invisível pois Ele é real.

Um comentário:

Wania disse...

Que lindo mozinho isso que voce escreveu. Seu testemuho é lindo e Deus é maravilhoso, que fez tudo isso porque nos ama muito. Deus te abencoe mais e mais nessa jornada preciosa de descobrir os misterios de DEus, o sobrenatural invisivel.bjos