domingo, 25 de junho de 2006

Flechas na mão do guerreiro - pastor Iran Bernardes da Costa


"Herança do Senhor são os filhos; o fruto do ventre seu galardão. Como flechas na mão do guerreiro, assim os filhos da mocidade. Feliz o homem que enche deles a sua aljava; não será envergonhado, quando pleitear com os inimigos à porta" (Sl 127:3-5).

Quando nascem nossos filhos temos um profundo sentimento de felicidade e realização. Nossos filhos são o meio estabelecido por Deus para nos projetar para o futuro e dar continuidade ao propósito que Ele tem para cada um de nós. Receber um filho ou uma filha como o mais novo membro da família é uma imensa alegria. Fazemos logo os planos e os preparativos para levá-lo à igreja para ser consagrado. A partir daí o que a maioria dos pais espera é que o filho ou filha não abandone os caminhos do Senhor quando crescer; que não abrace o mundo; que fique imune às drogas, ao sexo ilícito; que escolha uma boa profissão. O que há de mal em tudo isso? Nada, absolutamente, é claro! Só que esta visão é bastante limitada.

Como pais, nós devemos esperar o máximo das grandezas espirituais para nossos filhos. Não basta que estejam livres das "coisas do mundo" e tenham uma grande profissão. Nós precisamos entender que nossos filhos, além disto, precisam ter um relacionamento maduro com Deus. Muitas vezes nós, como pais, restringimos o crescimento espiritual de nossos filhos, e até limitamos o engajamento e desenvolvimento deles no Reino de Deus por causa da nossa experiência do passado, e em virtude da falta de visão e expectativa para nós mesmos e para eles.

O que devemos sonhar para nossos filhos? Nossa visão para nossos filhos é que atinjam a imagem de Cristo, no seu estilo, no seu caráter e no seu serviço. Semelhantes a Jesus, nossas crianças e adolescentes anseiam por serem grandes homens e mulheres para Deus. Para isso, elas precisam de exemplo, motivação, desafio e implementação de habilidades. Que nossos filhos tenham grandes experiências com Deus; sejam totalmente comprometidos com o seu Reino, tenham disposição para o sacrifício e suas vidas tragam grande impacto sobre a sociedade.

Uma grande expectativa

Nossas atitudes de proteção e defesa de nossos filhos, quando não bem dosadas, podem impedi-los de virem a ser o que Deus planejou para eles. Tais atitudes podem determinar que venham a ser tímidos, e que não realizem grandes coisas para Deus. Ao invés de serem superprotetores, deixando de lado as críticas, os pais como agentes de Deus, podem transmitir aos filhos todo o significado de suas vidas, para que atinjam o máximo para Deus. A aspiração de todos os pais é verem seus filhos crescidos, formados, casados, servindo nos diversos ministérios como orientadores, facilitadores, líderes, amigos, pessoas vibrantes e exuberantes para Deus, para a igreja e para o mundo.

Quanto à vida profissional de nossos filhos, podemos afirmar que essa é uma questão muito importante. O trabalho é o meio que Deus estabeleceu para prover o sustento e o aprazimento para a família, bem como prover a sociedade de bons serviços e bens. Almejamos que nossos filhos sejam bem preparados profissionalmente para que possam ser mais úteis à sociedade e melhor remunerados pelo seu trabalho. Contudo, devemos lembrar que isto não é o fim da vida humana; é apenas o meio para estabelecer o Reino de Deus no mundo. É como disse o pai das Missões Modernas, William Carey. Perguntaram-lhe sobre sua ocupação, ao que ele respondeu: "Meu ofício é anunciar as Boas Novas do Evangelho, mas para minha manutenção eu fabrico sapatos". Essa é a perspectiva que temos para nossos filhos.

O que mais nos empolga aqui é que este não é um sonho irrealizável, mas uma realidade presente. Nossas crianças e adolescentes não são a igreja do futuro. São a igreja de hoje. Nossas crianças serão em breve o que nossos jovens são hoje: líderes, pastores, conselheiros, ministros de louvor e muito mais. Nossos jovens são e fazem, e nossas crianças serão e farão o que Jesus foi e fez, guardadas as proporções. Nada poderá detê-los. Está se cumprindo a promessa de Deus, feita desde os tempos antigos: "...vossos jovens terão visões" (Joel 2:28).

Nossa herança de falta de perspectiva, clareza e definição de propósitos, nada poderá impedir nossos filhos de serem os homens e as mulheres que Deus determinou que fossem. Nós esperamos, com uma forte visão de fé e confiança, que nossos filhos tenham o estilo de vida e o comprometimento de Jesus, para com o Senhor e o seu Reino; não podemos esperar nada menos do que o máximo que Deus planejou para a vida de nossos filhos.

Filhos guerreiros

A falta de verdadeiros heróis na sociedade pós-moderna, e a substituição deles por "ídolos de papel", fabricados pela televisão, tem estimulado a formação de uma geração passiva, superdependente e desencorajada. Para trazer de volta o espírito de luta, conquista e patriotismo para as gerações emergentes, temos de apresentar às nossas crianças os verdadeiros heróis – homens e mulheres que deixaram sua marca no mundo, por seu caráter, dignidade e serviço, não nos esquecendo de dar o nosso próprio exemplo. A propósito, podemos citar: "e Moisés foi educado em toda a ciência dos egípcios e era poderoso em palavras e obras" (Atos 7:22); "Davi, o homem segundo o coração de Deus e que o serviu em sua geração"; Daniel, que "resolveu, firmemente, não se contaminar com as finas iguarias do rei" (Dn 1:8) e o menino que cedeu seus pães e peixes para que Jesus fizesse o milagre da multiplicação (Jo 6:1-15). Assim é que vemos nossos filhos, lutando com toda a garra, buscando servir a Deus com santidade e pureza, sendo o melhor exemplo na palavra da verdade, na corte, na honra, no trabalho; fazendo mais discípulos, batizando os convertidos, multiplicando as células, alcançando os alvos, sendo as melhores cabeças, sendo raros em seu caráter. É isto que nossos filhos já estão fazendo e é assim que eles já estão vivendo.

Filhos vibrantes

O que pode fazer nossos filhos vibrarem e serem cheios de energia contagiante? A tristeza e o abatimento da juventude atual é por falta de propósitos e perspectivas para a vida. Nossos jovens e crianças "explodem" de alegria e gozo em Cristo. Servir a Jesus, para nossos filhos nunca foi um peso, mas uma experiência agradável e feliz. Sentem que suas vidas são valiosas; sabem quem são e para quê existem; têm noção de seu destino, sabem que são predestinados para a maior e mais gloriosa realização sobre a terra; sabem que sua participação no Reino de Deus tem uma repercussão na eternidade. Sua paixão é servir a Jesus e guardarem-se puros para Deus.

Ouvir o testemunho de nossos jovens sobre o que Deus tem feito através deles é a coisa mais fantástica do mundo. Suas experiências com Deus; as vitórias sobre o pecado; o domínio sobre a carne; as conquistas no Reino; os batismos que realizam; as palavras que ministram; as apresentações que fazem; as equipes de louvor; a liderança que exercem nas células; na resistência às oposições; na busca da pureza; no estilo de vida; no exercício da autoridade; na submissão; no amor não fingido. Todas essas experiências é o que fazem nossos filhos serem vibrantes guerreiros.

O que mais poderíamos falar de nosso ministério infantil? Nossas crianças não estão esperando crescer primeiro para depois descobrir a vocação no Reino de Deus. Elas já estão engajadas desde agora. Elas participam da ceia do Senhor, oram, ministram, vibram no louvor, recebem o batismo do Espírito Santo, estão por dentro de tudo o que se passa no ministério. Elas sabem os nomes dos membros das células (até dos adultos). A alegria e a tremenda vibração de nossos filhos vêm de suas constantes e marcantes experiências com Deus.

Nossos filhos pagam o preço

Falar de preço é falar de sacrifício. Esta é uma das mais difíceis áreas da vida de qualquer pessoa. Por que será? É porque sacrifício fere e machuca nosso orgulho. Para ter vida pura e se manter nos princípios e padrões de Deus, nossos filhos têm renunciado aos prazeres, que seriam plenamente lícitos para o homem natural. Isto é sacrifício para agradar a Deus. Temos visto a luta de nossos jovens para observarem os padrões do Senhor. Não temos o costume de colocar regras e proibições, e sim os princípios de Deus, tais como Semeando e Colhendo, Corte, Transparência, Perdão. É isto que os mantêm sob constante vigilância. Não podemos negar que alguns de nossos filhos têm caído em faltas e experiências amargas do pecado. Contudo, o que predomina entre todos é a consciência de que suas vidas devem ser santas, e é nítido o esforço para ficarem livres das armadilhas do mundo. Toda essa batalha requer muito sacrifício. Além de tudo, temos notado que o Espírito Santo tem atuado em nossos filhos. O que domina suas vidas é a consciência de que "o que para mim era lucro, isso considerei perda por causa da sublimidade de Cristo".

Pastor Iran Bernardes da Costa
Ministério Grão de Mostarda
Brasília, DF

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