domingo, 25 de junho de 2006

Consumismo e endividamento - Por Ulysses M. Bueno

Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui. (Lucas 12:15)

Revista Época (14/03/2006, matéria Comprar faz mal à saúde, de Renata Leal):

Vicki Robin, fundadora do movimento Simplicidade Voluntária, diz: "É a vergonha que leva as pessoas às compras". E explica: "As pessoas se envergonham de não ter algo. E a propaganda procura envergonhar as pessoas, oferecendo sempre algo mais para sua vida ser mais completa". Mais à frente, declara: "O consumismo enche todas as horas de nosso dia. É a doença do muito. Não temos tempo sequer para pensar no que realmente queremos." E no final do artigo, completa: "O ser humano só descobre o que quer ao ver o que o outro tem. Nessa cultura da propaganda, vemos muita gente com muito mais que nós. O estilo de vida dos ricos está nas revistas. Disso surgem os desejos. Se você não pode ter algo, fica deprimido. Compra para não se sentir pior que o outro. Com isso criam dívidas enormes".

Revista Veja (21/04/2006, matéria O show do crediário, por Lucila Soares):

A jornalista escreveu: "As lojas travam guerra para emprestar dinheiro e dar mais crédito. A razão é simples. O consumidor brasileiro paga juros de mais de 100% ao ano e nem percebe. Ao mesmo tempo, começam a surgir parcelamentos a prazos impensáveis há muito pouco tempo, como o financiamento de automóveis em 72 meses. O crédito pessoal atingiu, no ano passado, 154,2 bilhões de reais, com crescimento de 384% desde 1995, ano seguinte à edição do Plano Real. Consumidores agrupados nas classes C (renda de cinco a dez salários mínimos), D (de dois a cinco mínimos), e E (menos de dois mínimos), têm sido a grande alavanca do aumento recente da oferta de crédito. O crédito consignado (com desconto em folha) é outra modalidade que incorporou uma multidão de consumidores. Em 2004, quando surgiu, fechou o ano com saldo de 9,69 bilhões de reais. Para 2006, a expectativa é atingir 33,6 bilhões de reais. As pessoas estariam se endividando por estarem mais pobres, e o resultado previsível disso é que, em médio prazo, elas não conseguirão honrar seus compromissos".

A palavra de Deus nos chama a atenção sobre não gastar dinheiro com o que não for absolutamente necessário para a nossa sobrevivência. Nesta semana, terminei de ler o livro "O Homem do Céu" (Editora Betânia do Brasil), experiência maravilhosa do irmão Yun. Ele é um chinês que, em nossos dias, está vivendo capítulos do livro de Atos dos apóstolos que o Espírito Santo está escrevendo. Entre os fatos relatados, um chamou minha atenção: a disposição de servir ao Corpo de Cristo, usando todo o dinheiro que lhe chega à mão para pregar o evangelho. Yun oferta a outros obreiros e não usa quase nada para si mesmo ou sua família.

O que vemos no Brasil é uma corrida para se ter mais e mais bens, não importando se a pessoa ficará endividada pelo resto da vida. Será que estamos vendo hoje o que lemos no livro "O Seu Dinheiro" (nos EUA, o indivíduo entra em seu carro financiado, abastece com um cartão de crédito e vai comprar móveis à prestação para a casa financiada pelo banco)? Vejo que esta é uma preparação para o reinado do Anti-Cristo na Terra, pois tudo leva a crer que o esforço final do sistema deste mundo (que está posto no maligno) é que todos, sem exceção, estejam presos em um sistema financeiro em que poucos dominam muitos através das dívidas. Serão facilmente marcados na mão direita ou na testa, conforme Apocalipse 13:16 e 17.

No mesmo artigo acima da revista Veja, a repórter cita as Casas Bahia e Wal-Mart. O fenômeno brasileiro é comparado à gigante americana pelo porte de suas vendas: "São atualmente 504 lojas no Brasil (a meta é chegar a 1.000 em 2010), que venderam 4,1 milhões de celulares, 1,7 milhão de DVDs e 2,2 milhões de televisores. Desde o ano passado, as Casas Bahia associaram-se ao Bradesco para financiar parte de suas vendas a prazo." Nasci em São Caetano do Sul e vi o surgimento dessa organização como uma pequena loja, num bairro onde os nordestinos (então chamados de baianos) moravam em grande número.

E me pergunto porque um banco, que foi um dos que mais lucraram em 2005 (usando nosso dinheiro que fica lá parado durante o mês), agora se liga a uma empresa que se especializou em financiar as classes mais pobres? Creio que os bancos já ganham bastante com os mais ricos e agora se voltam para tirar também dos mais pobres o pouco que eles têm, através de juros de mais de 100% ao ano, como diz o artigo. Por que o ser humano quer ter cada vez mais e mais.

Será que vamos também nos deixar levar por esse sistema? Sabemos que a nossa vida aqui na Terra é apenas um teste ou uma preparação para a vida eterna que gozaremos com o Senhor. O dinheiro que o Senhor coloca em nossas mãos é para o avanço do Reino. Os bens ficarão na Terra quando formos levados às regiões celestiais. Qual deve ser a nossa posição quando vemos o mundo todo correndo atrás de mais luxo, conforto, agradando a carne e satisfazendo os olhos?

Irmãos, é hora de levantar os olhos aos céus e clamar: "Maranata". E viver estes últimos dias como disse o apóstolo Paulo: "Isto, porém, vos digo, irmãos: o tempo se abrevia; o que resta é que não só os casados sejam como se o não fossem; mas também os que choram, como se não chorassem; e os que se alegram, como se não se alegrassem; e os que compram, como se nada possuíssem; e os que se utilizam do mundo, como se dele não usassem; porque a aparência deste mundo passa." (I Coríntios 7:29-31)

Ulysses Menzen Bueno
Treinador do Curso de Finanças Crown e membro do Conselho Consultivo da Universidade da Família

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