quinta-feira, 29 de junho de 2006

Ali vem uma serva de Deus!

Pastor Denis
 
“Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros”. (João 13:35)

O meio evangélico, principalmente o pentecostal, é cercado de ísmos do pensamento religioso, concepções errôneas do que seja o “andar com Deus”. Impressiona o número de crendices que muitos crentes carregam e como elas variam de uma para outra. Cada qual arrogando para si o conhecimento da “verdadeira doutrina”, e para estes, os que não aderem a sua linha de pensamento, ou estão fracos, ou ainda não foram “libertos”. Alguns grupos chegam a dizer que são os únicos salvos, pois, segundo eles, o mundanismo adentrou as outras igrejas.

Uma das crendices que mais se propagou no meio evangélico pentecostal é com relação as vestes. A indumentária, para muitos religiosos, revela o grau de "consagração" a Deus. Com certeza que quem adora em espírito e em verdade jamais irá se trajar indecentemente. Mas para os mais exigentes e rigorosos, a veste longa e social é o referencial da santidade ao Senhor. Junto com essa estética “santa”, acompanha-se um olhar altivo, dedo em riste, ar de mistério, palavras duras de exortação àqueles que andam “de qualquer maneira”. (Esse “de qualquer maneira” não significa propriamente usar roupas indecentes, mas estar fora da "doutrina" que o exortador acredita ser o correto e santo).

Como pastor pentecostal jamais serei a favor de um neoliberalismo em que o cristão possa andar com roupas sensuais, curtas, justas, seja a calça, a saia, o vestido, etc... O verdadeiro servo de Deus, seja qual tipo de veste ele usar, mesmo os trajes caracterizados evangélicos (tipo "vestidão" ou "saião" - alguns justos demais nos quadris) não podem transmitir sensualidade. Até porque quem nasceu de novo, quem realmente é convertido ao Senhor, não vai querer usar roupas indecentes! Respeito a todas as igrejas que mantém seus regulamentos internos, suas doutrinas. Tenho muitos amigos pastores destas igrejas e não os substimo nem ofendo. Até muitos deles admitem que deve se ter um equilíbrio e moderação nestas proibições. Respeito a posição de cada pastor. Todavia, na minha opinião, regulamentar tamanho de roupa como regra para entrar no céu, é pregar um "outro evangelho". (Gálatas 1:8)  É ir "além das coisas que estão escritas". (1º Coríntios 4:6)

A algum tempo, uma missionária intitulada “profeta” e “vaso de fogo” se afastou da comunhão de uma das nossas igrejas. Segundo a tal missionária, o seu afastamento se deu pelos seguintes motivos: “falta de doutrina na igreja”, e "muitos irmãos estavam andando de qualquer maneira”. A igreja estava crescendo como ainda está, porém o fato do povo não se trajar com roupas sociais e saias “lá no pé” a incomodava. O ministério da igreja respondeu a missionária que se algum membro estivesse se trajando indecentemente não estaria atuante nos departamentos da igreja. O ministério solicitou ainda (já que este foi o motivo de seu afastamento) que a missionária citasse ao menos 1 (um) exemplo de indecência na igreja. A missionária não citou exemplos, e apenas respondeu: “-Meus irmãos, quando o mundo olha para uma mulher cristã, olha para as suas vestes e diz: -Ali vem uma serva de Deus!” (Ela se referia a saia longa, lá no pé, e a camisa de manga comprida).

Esse foi o argumento que a irmã usou para se desligar de nosso ministério e ir para outra igreja. Uma semana depois estoura a notícia que envergonharia muitos evangélicos e vem a servir de escárnio para o mundo: A tal missionária, profeta, vaso, e outros títulos, é pega roubando num supermercado. A irmã foi fichada, levada a depor. Eu nunca desejei que ela passasse tamanha vergonha! Gente a pampa no mercado olhando, seguranças gritando, um rebú danado! Lamentável ocorrer isso e o mundo identificar como um crente, um evangélico. Escândalos acontecem. É bíblico. Mas não é estranho acontecer um fato deste com uma pessoa que pula, sapateia, exorta duramente, exige roupas longas, que exige tanta “santidade”??? Com certeza esta irmã não reflete os demais irmãos que seguem suas doutrinas. Jamais vou generalizar e dizer que quem segue doutrinas de roupas é sem caráter. Conheço irmãos que são pessoas honestas, sinceras. Porém o que chamo a atenção é para o seguinte fato: Como pode Deus tocar profundamente numa pessoa para ela não usar mais um determinado tipo de roupa, a ponto dela se sentir mal ao usar roupas fora da doutrina da igreja, e esta mesma pessoa mentir, caluniar, fazer fofocas, roubar?!?! Não é a Doutrina Bíblica (que nos ensina a não mentir, a não falar mal do próximo, a não roubar) muito mais importante que a doutrina da igreja?? Como pode um mesmo Deus, numa mesma pessoa, tocar numa área que a Bíblia não dá tanta ênfase (as aparências) e em outra área, do coração, das atitudes, não tocar?! Como pode uma pessoa ser tão "santa" no exterior, e ter um coração cheio de ódio, de inveja, de desejo de vingança?? 

Não vou mentir e dizer que eu não gostava de ver a tal missionária dirigindo cultos, vigílias, campanhas, muito avivadas até. Creio que quem faz a obra é o Senhor Jesus, quando oramos em seu nome. Porém, em algumas pregações da missionária, no final, ela deixava sua marca registrada: "-O crente deve ser diferente...devemos andar em santidade!" Coisas desse tipo ela fazia questão de falar. Eu engolia atravessado, mas relevava. A verdade é que nós pentecostais aprendemos a gostar destas pessoas que sabem animar os cultos de avivamento. Corinhos de fogo, bastante línguas estranhas, mistérios, visões... E nem sempre a vida de quem dirige estes trabalhos  condiz com o que eles pregam. "Muitos me dirão naquele Dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E, em teu nome, não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade". (Mateus 7:22,23)

"-Receba aí essa rajada de fogo...essa rajada de poder...essa rajada de glória...receeeeeeebaa!" Não é comum, mas já ouvi dizer de indivíduos que soltaram uma rajada de cheques sem fundos nas cidades onde pregaram. Escândalos difíceis de serem contornados da mente de quem nem era evangélico, mas acreditou no pregador, porque ele pulava, gritava, suava, etc. Conheci um dono de uma loja de CD´s evangélicos, e conversando com ele sobre os escândalos no meio gospel (nessa época eu estava elaborando uma matéria sobre o assunto) ele me mostrou uma pilha de cheques retornados do banco, sem saldo, e ele me disse: "-Você está vendo estes cheques aqui? São cheques de homens de Deus!"  Lógico que este empresário usava de ironia em usar a expressão "homens de Deus". É óbvio que os donos daqueles cheques não são dignos deste título. Mas ele se referia a pregadres, missionários, avivalistas, que o decepcionaram.         

Pregadores sem caráter, obreiros sem caráter, pessoas que aprenderam a animar cultos, a pregar gritando, e incharam com o fermento do farisaísmo. Querem doutrinar igrejas, ensinar como o cristão deve se vestir, mas não largam a mentira, a desonestidade, a fofoca, o pecado! Não se vestem de qualquer maneira, mas vivem de qualquer maneira! A tal missionária só usa saia, roupas longas e sociais, anda na "doutrina", e o povo a vê, e diz: “-Ali vem a mulher que foi pega roubando no supermercado!”

"E sucedeu que, entrando eles, viu a Eliabe e disse: Certamente, está perante o Senhor o seu ungido. Porém o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a altura da sua estatura, porque o tenho rejeitado, porque o Senhor não vê como vê o homem. Pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o Senhor olha para o coração". (1Samuel 16:6,7)

"Fugi dos escribas, que gostam de andar com vestes compridas". (Marcos 12:38)

segunda-feira, 26 de junho de 2006

Kaká: "sou íntimo de Deus"

 
Kaká: "sou íntimo de Deus"
Antonio Prada
Wanderley Nogueira
Direto de Bergish Gladbach

 
sou íntimo de Deus
Aos 24 anos, Kaká não é mais apenas um "rostinho bonito", como ele próprio constata. Trocou o sorriso tímido, as frases introspectivas e olhar quase infantil que estampava na Copa da Coréia e do Japão por gestos e palavras firmes, e um fulminante olhar altivo, quase infinito, sem, no entanto, perder a ternura. Desfila nos gramados como se estivesse vestindo um Armani ao mesmo tempo em se doa como um operário sem rosto do futebol, até o último fôlego. "Saio de campo com cãibras para não ter arrependimento", diz o jogador, em entrevista exclusiva ao Terra. Kaká, que nesta terça-feira entra em campo para enfrentar Gana pelas oitavas-de-final da Copa da Alemanha, tem a unanimidade. Que nesse caso não é burra. Unanimidade entre os jogadores da Seleção, o técnico Parreira e os torcedores, mesmo os inimigos. Unanimidade não mais apenas entre as mulheres.
 
Líder em ascensão no grupo da Seleção Brasileira, Kaká diz que seu mote é arriscar sempre. "Eu driblo, tento fazer o gol de esquerda, tento fazer o gol de cabeça, tento fazer o gol de direita, tento dar o passe, o lançamento. Se não deu certo naquela, vou tentar outra. Uma hora que der certo é ali que vão falar. Não tenho medo de errar", confessa.

Apontado naturalmente como o futuro capitão da Seleção, Kaká já assume o desafio: "Acho que eu posso ser o capitão, mais para frente, na próxima Copa, quem sabe. Seria muito legal e aí o sonho aumenta. Já pensou levantar a Copa do Mundo, como o Cafu fez e pode fazer mais uma vez? Realmente é um sonho". Sonhos que para ele costumam ser realizados porque "Tem sido obediente à palavra de Deus". Com a bíblia na cabeceira, Kaká se nutre diariamente, respeitando as diferenças do grupo. E os olhos se emocionam, quando fala de sua última reflexão: "Li um salmo, acho que o Salmo 24, que fala que o Senhor dá a conhecer a intimidade dele àqueles que o buscam. Para mim, mexeu muito. Imagina você conhecer a intimidade de Deus, deve ser uma coisa tremenda. Você ser íntimo de Deus, ser amigo. Isso foi uma coisa que hoje mexeu comigo".

Eis um trecho da entrevista:

Terra - Você tem lido alguma coisa?
Kaká - A Bíblia, sempre.

Terra - É o seu livro de cabeceira?
Kaká - É o meu livro de cabeceira.

Terra - Qual foi o último texto que você pode pinçar que você tenha lido nas últimas horas? Vem alguma coisa à cabeça?
Kaká - Eu li Salmos, hoje. Li Romanos 7. O capítulo inteiro e eu estou sempre lendo a Bíblia.

Terra - O que diz?
Kaká - Romanos 7 fala sobre casamento; fala sobre Jesus Cristo; sobre a justificação; sobre a diferença entre a lei. O Velho Testamento e a graça do Novo Testamento. Essa passagem falava sobre isso.

Terra - E isso te ajuda muito?
Kaká - Muito. A Bíblia para mim é fundamental. Tem dia que eu acordo e leio um versículo que para mim é importante, tudo, mas que não fala o que outro dia eu leio o mesmo versículo e falo: "Poxa".

Terra - Você tem um exemplo para dar?
Kaká - São vários exemplos, tem muita coisa. Agora para dar um exemplo de um versículo que falou para mim de um dia e de outro, não tenho não. É de dia. Hoje eu li um salmo, acho que o Salmo 24, que fala que o Senhor dá a conhecer a intimidade dele àqueles que o buscam. Para mim, mexeu muito. Imagina você conhecer a intimidade de Deus, deve ser uma coisa tremenda. Você ser íntimo de Deus, ser amigo. Isso foi uma coisa que hoje mexeu comigo.

domingo, 25 de junho de 2006

Chega de promessa de bênção - Pr. Ricardo Gondim

Não dá mais para agüentar tanta promessa de bênção. Enche ter de ouvir pastores oferecendo os mais ricos votos de felicidade e proteção divina a cada culto. Ser abençoado tornou-se quase uma obsessão evangélica nacional.


Promete-se tanta riqueza, saúde física e felicidade que, pelo número de campanhas de oração realizadas, o Brasil já deveria ter melhorado em algum dos índices de qualidade de vida das Nações Unidas; com algum alívio na distribuição de renda ou menos fila nos ambulatórios públicos.

Chega de promessa de bênção. A espiritualidade cristã com suas orações, ritos e expectativas não gira em torno da vontade de ganhar o benefício celestial. A ênfase dos Evangelhos não se resume a um só tema. Jesus lembrou Seus primeiros discípulos que antes de se preocuparem em salvar a vida, eles precisariam estar dispostos a perdê-la (Marcos 8:35).

A grandeza de uma causa não é determinada pelo que seus seguidores ganham ao segui-la, mas pelo preço que estão dispostos a pagar por ela.

Chega de promessa de bênção. Os auditórios lotados de pessoas ávidas por receber mais favor divino favorecem o egocentrismo. Quanto mais se promete, mais se quer receber. Esse caminho não tem fim. O Salmo 106 narra o comportamento dos judeus no período da sua libertação do cativeiro egípcio.

Depois de sucessivos milagres, o povo parecia não se saciar, sempre exigindo mais. Esse fascínio pela próxima intervenção transformou-se em cobiça, e o versículo 15 trás uma dura sentença: "[Deus] concedeu-lhes o que pediram, mas fez definhar-lhes a alma."

Chega de promessa de bênção. A Bíblia não pode ser encolhida a uma caixinha de afirmações otimistas. Para continuar com seu discurso de caráter prático, a maioria dos pastores só cita textos tirados do Antigo Testamento e, ainda, do período judaico anterior ao exílio.

Os sermões que procuram enfatizar bênçãos deixam de lado os textos contundentes do Novo Testamento em que os cristãos são convocados a viverem em um mundo cruel e doloroso. Jesus não tentou dourar a pílula e nem encobriu a verdade: "No mundo, passais por aflições" (João 16:33).

Paulo advertiu a Igreja a não se imaginar numa redoma de prosperidade: "E, tendo anunciado o Evangelho naquela cidade e feito muito discípulos, voltaram... fortalecendo a alma dos discípulos, exortando-os a permanecer firmes na fé; e mostrando que, por meio de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus" (Atos 14:21-22).

Jesus revelou à igreja de Esmirna, no Apocalipse, o teor de sua missão: "Não temas as coisas que tens de sofrer" (Apocalipse 2:10).

Chega de promessa de bênção. Quem se obriga verbalmente a dar tudo, se adorado, é o diabo, nunca Deus (Mateus 4:9). A espiritualidade judaico-cristã não se estabelece sobre utilitarismos. Deus não quer adoração por aquilo que Ele dá, mas por quem Ele é.

No livro de Jó, Satanás fez uma acusação gravíssima contra Deus. Ele tentou incriminar Jeová por só ser amado por Seus filhos por suborno: "Porventura, Jó debalde teme a Deus?" (Jó 1:9). A narrativa poética do livro inteiro deixa claro que o Senhor não era amado por Suas inúmeras bênçãos sobre a vida e a família de Jó que, pobre, ainda pôde exclamar: "Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei; o Senhor deu e o Senhor o tomou; bendito seja o nome do Senhor!" (Jó 1:21).

Chega de promessa de bênçãos. A virtude cristã que se deve buscar prioritariamente é justiça. No Sermão da Montanha, os que tiverem fome e sede de justiça serão fartos (Mateus 5:6). Quando o cristianismo destaca a promoção da justiça, todas as demais bênçãos se tornam secundárias (Mateus 6:33). Aliás, não existe pregação legitimamente evangélica sem a busca do direito: "O reino de Deus não é comida, nem bebida, mas justiça e paz e alegria no Espírito Santo" (Romanos 14:1).

Antes de quererem para si a benevolência do Senhor, os crentes deveriam almejar a promessa de Isaías 61:3: "A fim de que se chamem carvalhos de justiça, plantados pelo Senhor para a sua glória."

A Igreja Evangélica cresce velozmente no Brasil, mas será que percebeu todas as implicações do que significa seguir a Cristo?

Soli Deo Gloria.

www.ricardogondim.com.br

Estou Cansado - Pastor Ricardo Gondim

Estou Cansado

             Cansei! Entendo que o mundo evangélico não admite que um pastor confesse o seu cansaço. Conheço as várias passagens da Bíblia que prometem restaurar os trôpegos. Compreendo que o profeta Isaías ensinou que Deus restaura as forças dos que não tem nenhum vigor. Também estou informado de que Jesus dá alívio para os cansados. Por isso, já me preparo para as censuras dos que se escandalizarem com a minha confissão e me considerarem um derrotista.

Contudo, não consigo dissimular: eu me acho exausto.

Não, não me afadiguei com Deus ou com minha vocação. Continuo entusiasmado pelo que faço; amo o meu Deus, bem como minha família e amigos.

Permaneço esperançoso. Minha fadiga nasce de outras fontes.

Canso com o discurso repetitivo e absurdo dos que mercadejam a Palavra de Deus. Já não agüento mais que se usem versículos tirados do Antigo Testamento e que se aplicavam a Israel para vender ilusões aos que lotam as igrejas em busca de alívio. Essa possibilidade mágica de reverter uma realidade cruel me deixa arrasado porque sei que é uma propaganda enganosa.

Cansei com os programas de rádio em que os pastores não anunciam mais os conteúdos do evangelho; gastam o tempo alardeando as virtudes de suas próprias instituições. Causa tédio tomar conhecimento das infinitas campanhas e correntes de oração; todas visando exclusivamente encher os seus templos. Considero os amuletos evangélicos horríveis. Cansei de ter de explicar que há uma diferença brutal entre a fé bíblica e as crendices supersticiosas.

Canso com a leitura simplista que algumas correntes evangélicas fazem da realidade. Sinto-me triste quando percebo que a injustiça social é vista como uma conspiração satânica, e não como fruto de uma construção social perversa. Não consideram os séculos de preconceitos nem que existe uma economia perversa privilegiando as elites há séculos. Não agüento mais cultos de amarrar demônios ou de desfazer as maldições que pairam sobre o Brasil e o mundo.

 Canso com a repetição enfadonha das teologias sem criatividade nem riqueza poética. Sinto pena dos teólogos que se contentam em reproduzir o que outros escreveram há séculos. Presos às molduras de suas escolas teológicas, não conseguem admitir que haja outros ângulos de leitura das Escrituras. Convivem com uma teologia pronta. Não enxergam sua pobreza porque acreditam que basta aprofundarem um conhecimento "científico" da Bíblia e desvendarão os mistérios de Deus. A aridez fundamentalista exaure as minhas forças.

 Canso com os estereótipos pentecostais. Como é doloroso observá-los: sem uma visitação nova do Espírito Santo, buscam criar ambientes espirituais com gritos e manifestações emocionais. Não há nada mais desolador que um culto pentecostal com uma coreografia preservada, mas sem vitalidade espiritual. Cansei, inclusive, de ouvir piadas contadas pelos próprios pentecostais sobre os dons espirituais.

Cansei de ouvir relatos sobre evangelistas estrangeiros! que vêm ao Brasil para soprar sobre as multidões. Fico abatido com eles porque sei que provocam que as pessoas "caiam sob o poder de Deus" para tirar fotografias ou gravar os acontecimentos e depois levantar fortunas em seus países de origem.

Canso com as perguntas que me fazem sobre a conduta cristã e o legalismo. Recebo todos os dias várias mensagens eletrônicas de gente me perguntando se pode beber vinho, usar "piercing", fazer tatuagem, se tratar com acupuntura etc., etc. A lista é enorme e parece inexaurível. Canso com essa mentalidade pequena, que não sai das questiúnculas, que não concebe um exercício religioso mais nobre; que não pensa em grandes temas. Canso com gente que precisa de cabrestos, que não sabe ser livre e não consegue caminhar com princípios. Acho intolerável conviver com aqueles que se acomodam com uma existência sob o domínio da lei e não do amor.

 Canso com os livros evangélicos traduzidos para o português. Não tanto pelas traduções mal feitas, tampouco pelos exemplos tirados do golfe ou do basebol, que nada têm a ver com a nossa realidade. Canso com os pacotes prontos e com o pragmatismo. Já não agüento mais livros com dez leis ou vinte e um passos para qualquer coisa. Não consigo entender como uma  igreja tão vibrante como a brasileira precisa copiar os exemplos lá do norte, onde a abundância é tanta que os profetas denunciam o pecado da complacência entre os crentes. Cansei de ter de opinar se concordo ou não com um novo modelo de crescimento de igreja copiado e que vem sendo adotado no Brasil.

Canso com a falta de beleza artística dos evangélicos. Há pouco compareci a um show de música evangélica só para sair arrasado. A musicalidade era medíocre, a poesia sofrível e, pior, percebia-se o interesse comercial por trás do evento. Quão diferente do dia em que me sentei na Sala São Paulo para ouvir a música que Johann Sebastian Bach (1685-1750) compôs sobre os últimos capítulos do Evangelho de São João. Sob a batuta do maestro, subimos o Gólgota. A sala se encheu de um encanto mágico já nos primeiros acordes; fechei os olhos e me senti em um templo. O maestro era um sacerdote e nós, a platéia, uma assembléia de adoradores. Não consegui conter minhas lágrimas nos movimentos dos violinos, dos oboés e das trompas. Aquela beleza não era deste mundo. Envoltos em mistério, transcendíamos a mecânica da vida e nos transportávamos para onde Deus habita. Minhas lágrimas naquele momento também vinham com pesar pelo distanciamento estético da atual cultura evangélica, contente com tão pouca beleza.

Canso de explicar que nem todos os pastores são gananciosos e que as igrejas não existem para enriquecer sua liderança. Cansei de ter de dar satisfações todas as vezes que faço qualquer negócio em nome da igreja.

Tenho de provar que nossa igreja não tem título protestado em cartório, que não é rica, e que vivemos com um orçamento apertado. Não há nada mais desgastante do que ser obrigado a explanar para parentes ou amigos não evangélicos que aquele último escândalo do jornal não representa a grande maioria dos pastores que vivem dignamente.

Canso com as vaidades religiosas. É fatigante observar os líderes que adoram cargos, posições e títulos. Desdenho os conchavos políticos que possibilitam eleições para os altos escalões denominacionais. Cansei com as vaidades acadêmicas e com os mestrados e doutorados que apenas enriquecem os currículos e geram uma soberba tola. Não suporto ouvir que mais um se auto-intitulou apóstolo.

Sei que estou cansado, entretanto, não permitirei que o meu cansaço me torne um cínico. Decidi lutar para não atrofiar o meu coração.

 Por isso, opto por não participar de uma máquina religiosa que fabrica ícones. Não brigarei pelos primeiros lugares nas festas solenes patrocinadas por gente importante. Jamais oferecerei meu nome para compor a lista dos preletores de qualquer conferência. Abro mão de querer adornar meu nome com títulos de qualquer espécie. Não desejo ganhar aplausos de auditórios famosos.

Buscarei o convívio dos pequenos grupos, priorizarei fazer minhas refeições com os amigos mais queridos. Meu refúgio será ao lado de pessoas simples, pois quero aprender a valorizar os momentos despretensiosos da vida. Lerei mais poesias para entender a alma humana, mais romances para continuar sonhando e muita boa música para tornar a vida mais bonita. Desejo meditar outras vezes diante do pôr-do-sol para, em silêncio, agradecer a Deus por sua fidelidade. Quero voltar a orar no secreto do meu quarto e a ler as Escrituras como uma carta de amor de meu Pai.

Pode ser que outros estejam tão cansados quanto eu. Se é o seu caso, convido-o então a mudar a sua agenda; romper com as estruturas religiosas que sugam suas energias; voltar ao primeiro amor. Jesus afirmou que não adianta ganhar o mundo inteiro e perder a alma. Ainda há tempo de salvar a nossa.

 
Soli Deo Gloria.

 

Pastor Ricardo Gondim
www.ricardogondim.com.br

Marcha para Jesus ou Parada Gay: Quem é realmente vítima de preconceito?


Julio Severo: www.juliosevero.com
JesusSite 

Resumo: Se a imprensa liberal tratasse as paradas gays do jeito que trata as Marchas para Jesus, a agenda gay seria ignorada e ficaria merecidamente confinada a um número insignificante de mentes medíocres.

A Marcha para Jesus e a Parada Gay ocorreram na Avenida Paulista em 2006 com um intervalo de apenas dois dias de diferença. Apesar de estarem tão próximas um da outra em data, suas metas e compromissos são muito distantes. Uma exalta o homossexualismo; a outra, Jesus. Uma quer que homens e mulheres permaneçam no pecado homossexual; a outra oferece esperança e saída, em Jesus, para todos os pecadores.

A diferença é clara: exaltar Jesus tem como resultado transformação na vida das pessoas. No rastro do Evangelho, há ex-prostitutas, ex-drogados, ex-criminosos, ex-homossexuais, etc. No rastro do homossexualismo, a história é outra. Na Holanda, depois da pioneira lei de casamento gay no mundo, hoje quem está saindo do armário são os pedófilos, lançando até um partido para defender o sexo entre adultos e crianças. No Brasil, o Grupo Gay da Bahia, um dos primeiros grupos de militantes gays, inaugurou recentemente uma exposição "artística" explorando a cultura católica com a apresentação de uma imagem de Santo Antonio com o menino Jesus. Os idealizadores gays explicaram suas intenções: "Queremos demonstrar à sociedade que a intimidade entre adultos e crianças nem sempre foi considerada crime e tratada como pedofilia".

Só para lembrar: a maior entidade mundial de defesa do sexo entre homens e meninos é a NAMBLA (North American Man-Boy Love Association, Associação Norte Americana de Amor entre Homens e Meninos ), totalmente composta por membros homossexuais. Alguma dúvida sobre o que a exaltação ao homossexualismo trará para o Brasil e o mundo? Ainda assim, os ativistas homossexuais não temem que a imprensa liberal venha a colaborar numa campanha para desmascarar o papel do homossexualismo na NAMBLA e nas iniciativas internacionais para legalizar o sexo entre adultos e crianças.

Cobertura jornalística: os gays estão presentes, mas onde estão os evangélicos?

Os evangélicos do Brasil estão conscientes de que existe preconceito e discriminação contra eles. Por muitos anos, as Marchas para Jesus atraem tanta atenção das emissoras que dá para contar num dedo só quantos canais de TV se lembram de fazer uma brevíssima menção ao evento. Se não fosse pelas revistas e programas evangélicos que notificam sobre as marchas, ninguém no Brasil e no mundo saberia que centenas de milhares de evangélicos marcharam pelas ruas de São Paulo.

Os ativistas gays estão conscientes de que existe preconceito e discriminação contra eles. Por muitos anos, as Paradas do Orgulho Gay atraem tanta atenção das emissoras que é muito difícil ligar num canal de TV que não esteja dando cobertura ao evento… O apoio é descarado. As menções às paradas são sempre em tom elogioso.

Na parada de 2006, quase dois milhões e meio de pessoas apareceram para prestigiar a manifestação gay, que estava cheia de folia carnavalesca. Na Marcha para Jesus, o número de participantes foi três milhões. Mas não importa. Mesmo que dez milhões, ou bilhões, de evangélicos se manifestem nas ruas de São Paulo, os meios de comunicação sempre lhes dão o mesmo tratamento: silêncio. Preferem fazer de conta que não houve nada, pois a religiosidade bíblica do evento evangélico pode lembrar aos tespectadores (e aos arrogantes liberais da mídia) que existe Deus, Bíblia, pecado, Jesus, salvação e outras coisas que incomodam corações que só pensam em folia. Já a parada gay, com todas as suas aberrações, tem mais para oferecer para esses corações do que as Marchas para Jesus.

Quem são as vítimas de preconceito da mídia: gays ou evangélicos?

Na teoria, quem sofre preconceito não recebe cobertura jornalística, pelo menos não positiva. Quem não sofre preconceito nenhum é que costuma receber toda a simpatia da imprensa. Mas essa teoria não funciona na realidade. Preconceito da mídia é algo que os ativistas gays desconhecem completamente. Em contrapartida, os evangélicos, com ou sem Marcha para Jesus, continuam obscurecidos e invisíveis, apesar de todos os esforços para mostrar ao Brasil e ao mundo que eles existem e que, ao contrário dos ativistas gays, têm uma mensagem positiva para oferecer à sociedade.

Sua mensagem é que Jesus é a resposta para tudo e para todos. A mensagem dos ativistas gays, porém, é bem diferente. Apesar do papel de presente que convenientemente esconde o que pregam, basicamente eles querem viver no que acreditam. Mais do que nunca, eles estão saindo do armário e encorajando e até forçando outros homossexuais a sair do armário.

Mas embaixo do papel de embrulho está escondida a essência de sua agenda, que é simplesmente conquistar respeitabilidade social para o suposto direito de um homem ter relações sexuais com outros homens. Para eles, é exatamente esse ato que é motivo de tanto orgulho.

Dos meios de comunicação, os defensores desse "ato de orgulho" ganham respeito e elogios. Mas prestigiar a Marcha para Jesus pode trazer como conseqüência a recordação incômoda de que o que é visto neste mundo como orgulho pode ser na verdade vergonha, repugnante, nojento e abominação aos olhos de Deus.

O homossexualismo só é respeitado hoje porque está na lista de comportamentos da moda aprovados pela cartilha dos censores politicamente corretos. Se não estivesse, as emissoras de TV adotariam para com as paradas gays a mesma atitude que assumem contra as Marchas para Jesus - de não ver nada, não ouvir nada e não falar nada.

Dá para entender agora como o conceito de combate ao preconceito funciona para favorecer e agraciar as manifestações dos militantes gays, mas não funciona a favor das manifestações evangélicas, que sofrem nada menos do que uma censura brutal que lhes reserva a escuridão existencial diante do público?

Todo ano a história é a mesma: muita omissão para as Marchas para Jesus e muito destaque e badalação para as paradas gays. Mesmo alegando preconceito, as paradas gays recebem muito mais atenção da mídia do que os evangélicos. Se então não sofressem tanta "discriminação", o destaque e a badalação a eles poderiam ocupar vinte e quatro horas da programação diária da televisão!

Se os ativistas gays (e seus aliados liberais) quiserem sentir na pele o que é preconceito, precisarão abandonar seu estilo de vida e se tornar seguidores de Cristo. De modo oposto, se os seguidores de Cristo quiserem ter sobre si os holofotes do sucesso social, precisarão renunciar ao verdadeiro Evangelho, que condena o pecado, mas salva o pecador.

Lamentavelmente, essa é a realidade. Dez ou apenas três indivíduos defendendo o homossexualismo têm muito mais chances de receber atenção da mídia do que 3 milhões de evangélicos exaltando Jesus.

Os oportunistas têm essa vantagem porque aprenderam a exaltar a ilusão em detrimento da verdade. É nessa ilusão desigual e injusta que os homossexuais são apresentados em programas de TV, principalmente novelas, como criaturas com perfil bondoso, sensível, tolerante e compreensivo, como se fossem encarnações de Jesus, enquanto os evangélicos são representados por figuras estranhas, intolerantes, suspeitas, fanáticas e antipáticas.

A solução para os evangélicos receberem o mesmo tratamento que os gays estão ganhando? Render-se aos pés dos liberais e suas mentiras ou, através do poder do Evangelho, ajudá-los a se renderem aos pés do Senhor Jesus. Do contrário, eles continuarão em sua missão infernal de dar destaque ao que é ruim e ignorar o que é bom.

A cobertura jornalística das Marchas para Jesus e das Paradas da Vergonha Gay tem um efeito colateral interessante: acaba mostrando no final quem realmente são as vítimas de preconceito e quem são os preconceituosos.

Fonte: www.juliosevero.com.br


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Nota do JesusSite:

Homossexualismo na Bíblia: (alguns versículos)

1Co 6:9 Não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, (ARA)

Dt 23:18 não trarás o salário da prostituta nem o aluguel do sodomita para a casa do Senhor teu Deus por qualquer voto, porque uma e outra coisa são igualmente abomináveis ao Senhor teu Deus. (ARA)

1Re 14:24 e havia também sodomitas na terra: fizeram conforme todas as abominações dos povos que o Senhor tinha expulsado de diante dos filhos de Israel. (ARA)

1Re 15:12 Porque tirou da terra os sodomitas, e removeu todos os ídolos que seus pais tinham feito. (ARA)

1Re 22:46 Também expulsou da terra o restante dos sodomitas, que ficaram nos dias de seu pai Asa ( ARA)

1Tm 1:10 para os devassos, os sodomitas, os roubadores de homens, os mentirosos, os perjuros, e para tudo que for contrário à sã doutrina, (ARA)

Rm 1:26-27 Pelo que Deus os entregou a paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural no que é contrário à natureza; semelhantemente, também os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para como os outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a devida recompensa do seu erro. (ARA)

Lv 18:22 Não te deitarás com varão, como se fosse mulher; é abominação. (ARA)

Romanos 1:22-27 Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos e trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal, bem como de pássaros, quadrúpedes e répteis. Por isso Deus os entregou à impureza sexual, segundo os desejos pecaminosos do seu coração, para a degradação do seu corpo entre si. Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram a coisas e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém. Por causa disso Deus os entregou a paixões vergonhosas. Até suas mulheres trocaram suas relações sexuais naturais por outras, contrárias à natureza. Da mesma forma, os homens também abandonaram as relações naturais com as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros. Começaram a cometer atos indecentes, homens com homens, e receberam em si mesmos o castigo merecido pela sua perversão (NVI)

Mateus 19:4-6 Não tendes lido que, no princípio, o Criador os fez macho e fêmea e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher, e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem (ARC)

Flechas na mão do guerreiro - pastor Iran Bernardes da Costa


"Herança do Senhor são os filhos; o fruto do ventre seu galardão. Como flechas na mão do guerreiro, assim os filhos da mocidade. Feliz o homem que enche deles a sua aljava; não será envergonhado, quando pleitear com os inimigos à porta" (Sl 127:3-5).

Quando nascem nossos filhos temos um profundo sentimento de felicidade e realização. Nossos filhos são o meio estabelecido por Deus para nos projetar para o futuro e dar continuidade ao propósito que Ele tem para cada um de nós. Receber um filho ou uma filha como o mais novo membro da família é uma imensa alegria. Fazemos logo os planos e os preparativos para levá-lo à igreja para ser consagrado. A partir daí o que a maioria dos pais espera é que o filho ou filha não abandone os caminhos do Senhor quando crescer; que não abrace o mundo; que fique imune às drogas, ao sexo ilícito; que escolha uma boa profissão. O que há de mal em tudo isso? Nada, absolutamente, é claro! Só que esta visão é bastante limitada.

Como pais, nós devemos esperar o máximo das grandezas espirituais para nossos filhos. Não basta que estejam livres das "coisas do mundo" e tenham uma grande profissão. Nós precisamos entender que nossos filhos, além disto, precisam ter um relacionamento maduro com Deus. Muitas vezes nós, como pais, restringimos o crescimento espiritual de nossos filhos, e até limitamos o engajamento e desenvolvimento deles no Reino de Deus por causa da nossa experiência do passado, e em virtude da falta de visão e expectativa para nós mesmos e para eles.

O que devemos sonhar para nossos filhos? Nossa visão para nossos filhos é que atinjam a imagem de Cristo, no seu estilo, no seu caráter e no seu serviço. Semelhantes a Jesus, nossas crianças e adolescentes anseiam por serem grandes homens e mulheres para Deus. Para isso, elas precisam de exemplo, motivação, desafio e implementação de habilidades. Que nossos filhos tenham grandes experiências com Deus; sejam totalmente comprometidos com o seu Reino, tenham disposição para o sacrifício e suas vidas tragam grande impacto sobre a sociedade.

Uma grande expectativa

Nossas atitudes de proteção e defesa de nossos filhos, quando não bem dosadas, podem impedi-los de virem a ser o que Deus planejou para eles. Tais atitudes podem determinar que venham a ser tímidos, e que não realizem grandes coisas para Deus. Ao invés de serem superprotetores, deixando de lado as críticas, os pais como agentes de Deus, podem transmitir aos filhos todo o significado de suas vidas, para que atinjam o máximo para Deus. A aspiração de todos os pais é verem seus filhos crescidos, formados, casados, servindo nos diversos ministérios como orientadores, facilitadores, líderes, amigos, pessoas vibrantes e exuberantes para Deus, para a igreja e para o mundo.

Quanto à vida profissional de nossos filhos, podemos afirmar que essa é uma questão muito importante. O trabalho é o meio que Deus estabeleceu para prover o sustento e o aprazimento para a família, bem como prover a sociedade de bons serviços e bens. Almejamos que nossos filhos sejam bem preparados profissionalmente para que possam ser mais úteis à sociedade e melhor remunerados pelo seu trabalho. Contudo, devemos lembrar que isto não é o fim da vida humana; é apenas o meio para estabelecer o Reino de Deus no mundo. É como disse o pai das Missões Modernas, William Carey. Perguntaram-lhe sobre sua ocupação, ao que ele respondeu: "Meu ofício é anunciar as Boas Novas do Evangelho, mas para minha manutenção eu fabrico sapatos". Essa é a perspectiva que temos para nossos filhos.

O que mais nos empolga aqui é que este não é um sonho irrealizável, mas uma realidade presente. Nossas crianças e adolescentes não são a igreja do futuro. São a igreja de hoje. Nossas crianças serão em breve o que nossos jovens são hoje: líderes, pastores, conselheiros, ministros de louvor e muito mais. Nossos jovens são e fazem, e nossas crianças serão e farão o que Jesus foi e fez, guardadas as proporções. Nada poderá detê-los. Está se cumprindo a promessa de Deus, feita desde os tempos antigos: "...vossos jovens terão visões" (Joel 2:28).

Nossa herança de falta de perspectiva, clareza e definição de propósitos, nada poderá impedir nossos filhos de serem os homens e as mulheres que Deus determinou que fossem. Nós esperamos, com uma forte visão de fé e confiança, que nossos filhos tenham o estilo de vida e o comprometimento de Jesus, para com o Senhor e o seu Reino; não podemos esperar nada menos do que o máximo que Deus planejou para a vida de nossos filhos.

Filhos guerreiros

A falta de verdadeiros heróis na sociedade pós-moderna, e a substituição deles por "ídolos de papel", fabricados pela televisão, tem estimulado a formação de uma geração passiva, superdependente e desencorajada. Para trazer de volta o espírito de luta, conquista e patriotismo para as gerações emergentes, temos de apresentar às nossas crianças os verdadeiros heróis – homens e mulheres que deixaram sua marca no mundo, por seu caráter, dignidade e serviço, não nos esquecendo de dar o nosso próprio exemplo. A propósito, podemos citar: "e Moisés foi educado em toda a ciência dos egípcios e era poderoso em palavras e obras" (Atos 7:22); "Davi, o homem segundo o coração de Deus e que o serviu em sua geração"; Daniel, que "resolveu, firmemente, não se contaminar com as finas iguarias do rei" (Dn 1:8) e o menino que cedeu seus pães e peixes para que Jesus fizesse o milagre da multiplicação (Jo 6:1-15). Assim é que vemos nossos filhos, lutando com toda a garra, buscando servir a Deus com santidade e pureza, sendo o melhor exemplo na palavra da verdade, na corte, na honra, no trabalho; fazendo mais discípulos, batizando os convertidos, multiplicando as células, alcançando os alvos, sendo as melhores cabeças, sendo raros em seu caráter. É isto que nossos filhos já estão fazendo e é assim que eles já estão vivendo.

Filhos vibrantes

O que pode fazer nossos filhos vibrarem e serem cheios de energia contagiante? A tristeza e o abatimento da juventude atual é por falta de propósitos e perspectivas para a vida. Nossos jovens e crianças "explodem" de alegria e gozo em Cristo. Servir a Jesus, para nossos filhos nunca foi um peso, mas uma experiência agradável e feliz. Sentem que suas vidas são valiosas; sabem quem são e para quê existem; têm noção de seu destino, sabem que são predestinados para a maior e mais gloriosa realização sobre a terra; sabem que sua participação no Reino de Deus tem uma repercussão na eternidade. Sua paixão é servir a Jesus e guardarem-se puros para Deus.

Ouvir o testemunho de nossos jovens sobre o que Deus tem feito através deles é a coisa mais fantástica do mundo. Suas experiências com Deus; as vitórias sobre o pecado; o domínio sobre a carne; as conquistas no Reino; os batismos que realizam; as palavras que ministram; as apresentações que fazem; as equipes de louvor; a liderança que exercem nas células; na resistência às oposições; na busca da pureza; no estilo de vida; no exercício da autoridade; na submissão; no amor não fingido. Todas essas experiências é o que fazem nossos filhos serem vibrantes guerreiros.

O que mais poderíamos falar de nosso ministério infantil? Nossas crianças não estão esperando crescer primeiro para depois descobrir a vocação no Reino de Deus. Elas já estão engajadas desde agora. Elas participam da ceia do Senhor, oram, ministram, vibram no louvor, recebem o batismo do Espírito Santo, estão por dentro de tudo o que se passa no ministério. Elas sabem os nomes dos membros das células (até dos adultos). A alegria e a tremenda vibração de nossos filhos vêm de suas constantes e marcantes experiências com Deus.

Nossos filhos pagam o preço

Falar de preço é falar de sacrifício. Esta é uma das mais difíceis áreas da vida de qualquer pessoa. Por que será? É porque sacrifício fere e machuca nosso orgulho. Para ter vida pura e se manter nos princípios e padrões de Deus, nossos filhos têm renunciado aos prazeres, que seriam plenamente lícitos para o homem natural. Isto é sacrifício para agradar a Deus. Temos visto a luta de nossos jovens para observarem os padrões do Senhor. Não temos o costume de colocar regras e proibições, e sim os princípios de Deus, tais como Semeando e Colhendo, Corte, Transparência, Perdão. É isto que os mantêm sob constante vigilância. Não podemos negar que alguns de nossos filhos têm caído em faltas e experiências amargas do pecado. Contudo, o que predomina entre todos é a consciência de que suas vidas devem ser santas, e é nítido o esforço para ficarem livres das armadilhas do mundo. Toda essa batalha requer muito sacrifício. Além de tudo, temos notado que o Espírito Santo tem atuado em nossos filhos. O que domina suas vidas é a consciência de que "o que para mim era lucro, isso considerei perda por causa da sublimidade de Cristo".

Pastor Iran Bernardes da Costa
Ministério Grão de Mostarda
Brasília, DF

A restauração da Igreja envolve a restauração nos relacionamentos familiares

Fonte: http://www.udf.org.br/noticias2.asp?id=1316 

Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados a fim de que, da presença do Senhor, venham tempos de refrigério, e que envie ele o Cristo, que já vos foi designado, Jesus, ao qual é necessário que o céu receba até os tempos da restauração de todas as coisas, de que Deus falou por boca dos seus Santos profetas desde a antiguidade. Atos 3:19-21

Que tempo é este que estamos vivendo? A maioria dos cristãos tem vivido como o povo do mundo, sem se preocupar em saber o que Deus quer de suas vidas. Qual é o plano específico de Deus para hoje a curto, médio e longo prazo?

Israel tinha uma tribo chamada Issacar, cujo trabalho principal era discernir os tempos (I Crônicas 12:32). O trabalho deles era buscar saber, e repartir com as demais tribos. Que tempo é este no qual estamos? Tempo de plantar ou de colher? Arar a terra? É tempo de guerrear ou de baixar as armas? Deus está buscando filhos que saibam discernir os tempos.

Não é necessária muita pesquisa hoje para se descobrir que, como Igreja, vivemos na plenitude dos tempos de restauração. Este tempo começou com a pregação de João Batista e a primeira vinda de Jesus, Seu ministério, os apóstolos, a Igreja Primitiva. Este tempo é chamado pelo escritor do livro de Hebreus de "o tempo da reforma" (Hebreus 9:10-15). O tempo da reforma - ou da restauração - começou com a Nova Aliança feita no sangue de Jesus Cristo.

A Igreja nasceu no dia de Pentecostes, na força e poder do Espírito Santo, manifestado através dos dons espirituais, com muita comunhão e santidade. O povo cristão passou a viver um estilo de vida totalmente diferente do mundo. O fundamento foi o ministério apostólico e profético, tendo Jesus Cristo como cabeça. As famílias se reuniam nas casas e havia grande temor entre elas. Por causa do relacionamento intenso em suas reuniões pequenas, o pecado era evidenciado e confessado, com conseqüente santidade entre o povo.

Após a morte dos apóstolos, a Igreja foi se desviando da doutrina original, perdeu a direção do Espírito Santo e a "religião cristã" passou a ser organizada. Porém, desde o século XV vêm acontecendo reformas, avivamentos e mudanças na Igreja. Todas as verdades perdidas estão sendo restauradas, começando com a justificação pela fé e chegando ultimamente aos ministérios profético e apostólico.

Hoje há uma grande expectativa e clamor a Deus por avivamento, operação de sinais e prodígios, e cremos que estamos às portas destes acontecimentos em toda a terra. Entretanto, cremos que Deus precisa de odres novos para derramar Seu poder sem que haja vazamento, a fim de que a Igreja volte às estruturas antigas.

Como odres podemos definir: pessoas, casamentos, famílias, igrejas locais, presbitérios, ministérios.

Restaurar a família é como restaurar os muros. Muro é proteção. Para que haja proteção, não pode haver brechas.

O caráter de uma pessoa é formado desde a concepção, em especial até o final da primeira infância, entre os 5 e 6 anos de idade. Durante este tempo, é colocado o fundamento pelo exemplo e ensino verbal dos pais.

O espaço não nos permite entrar em detalhes, mas a conclusão que chegamos é que vivemos nestes dias da restauração de todas as coisas, e há uma grande urgência de restaurar a família, o casamento e o relacionamento entre pais e filhos. Podemos afirmar que não haverá restauração completa da Igreja sem a restauração da família. E que essa restauração, para o surgimento de uma geração íntegra e compromissada com o Reino de Deus, depende da restauração do relacionamento conjugal.

O casamento é figura da união entre Cristo e a Igreja, que culminará com as Bodas do Cordeiro conforme Apocalipse 19. Satanás tem procurado detonar o casamento porque ele odeia a Jesus e a Igreja, Sua noiva. Deus quer modelos para a nova geração. Os milhões que estão sendo salvos precisam de exemplos vivos. Filhos, tanto naturais como espirituais, aprenderão rapidamente, convivendo com famílias restauradas em todos os aspectos.

A Igreja começou nos lares e terminará seus dias na terra sendo edificada neles. Há mais de quinze anos a Palavra Profética vem enfatizando e desafiando a Igreja para restaurar a família. A necessidade já está aí, pois necessitamos de lares e líderes restaurados para o Grande Avivamento e a Última Colheita que preparará a Igreja para a Segunda Vinda de Cristo.

Pastor Ulysses Menzen Bueno

Consumismo e endividamento - Por Ulysses M. Bueno

Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui. (Lucas 12:15)

Revista Época (14/03/2006, matéria Comprar faz mal à saúde, de Renata Leal):

Vicki Robin, fundadora do movimento Simplicidade Voluntária, diz: "É a vergonha que leva as pessoas às compras". E explica: "As pessoas se envergonham de não ter algo. E a propaganda procura envergonhar as pessoas, oferecendo sempre algo mais para sua vida ser mais completa". Mais à frente, declara: "O consumismo enche todas as horas de nosso dia. É a doença do muito. Não temos tempo sequer para pensar no que realmente queremos." E no final do artigo, completa: "O ser humano só descobre o que quer ao ver o que o outro tem. Nessa cultura da propaganda, vemos muita gente com muito mais que nós. O estilo de vida dos ricos está nas revistas. Disso surgem os desejos. Se você não pode ter algo, fica deprimido. Compra para não se sentir pior que o outro. Com isso criam dívidas enormes".

Revista Veja (21/04/2006, matéria O show do crediário, por Lucila Soares):

A jornalista escreveu: "As lojas travam guerra para emprestar dinheiro e dar mais crédito. A razão é simples. O consumidor brasileiro paga juros de mais de 100% ao ano e nem percebe. Ao mesmo tempo, começam a surgir parcelamentos a prazos impensáveis há muito pouco tempo, como o financiamento de automóveis em 72 meses. O crédito pessoal atingiu, no ano passado, 154,2 bilhões de reais, com crescimento de 384% desde 1995, ano seguinte à edição do Plano Real. Consumidores agrupados nas classes C (renda de cinco a dez salários mínimos), D (de dois a cinco mínimos), e E (menos de dois mínimos), têm sido a grande alavanca do aumento recente da oferta de crédito. O crédito consignado (com desconto em folha) é outra modalidade que incorporou uma multidão de consumidores. Em 2004, quando surgiu, fechou o ano com saldo de 9,69 bilhões de reais. Para 2006, a expectativa é atingir 33,6 bilhões de reais. As pessoas estariam se endividando por estarem mais pobres, e o resultado previsível disso é que, em médio prazo, elas não conseguirão honrar seus compromissos".

A palavra de Deus nos chama a atenção sobre não gastar dinheiro com o que não for absolutamente necessário para a nossa sobrevivência. Nesta semana, terminei de ler o livro "O Homem do Céu" (Editora Betânia do Brasil), experiência maravilhosa do irmão Yun. Ele é um chinês que, em nossos dias, está vivendo capítulos do livro de Atos dos apóstolos que o Espírito Santo está escrevendo. Entre os fatos relatados, um chamou minha atenção: a disposição de servir ao Corpo de Cristo, usando todo o dinheiro que lhe chega à mão para pregar o evangelho. Yun oferta a outros obreiros e não usa quase nada para si mesmo ou sua família.

O que vemos no Brasil é uma corrida para se ter mais e mais bens, não importando se a pessoa ficará endividada pelo resto da vida. Será que estamos vendo hoje o que lemos no livro "O Seu Dinheiro" (nos EUA, o indivíduo entra em seu carro financiado, abastece com um cartão de crédito e vai comprar móveis à prestação para a casa financiada pelo banco)? Vejo que esta é uma preparação para o reinado do Anti-Cristo na Terra, pois tudo leva a crer que o esforço final do sistema deste mundo (que está posto no maligno) é que todos, sem exceção, estejam presos em um sistema financeiro em que poucos dominam muitos através das dívidas. Serão facilmente marcados na mão direita ou na testa, conforme Apocalipse 13:16 e 17.

No mesmo artigo acima da revista Veja, a repórter cita as Casas Bahia e Wal-Mart. O fenômeno brasileiro é comparado à gigante americana pelo porte de suas vendas: "São atualmente 504 lojas no Brasil (a meta é chegar a 1.000 em 2010), que venderam 4,1 milhões de celulares, 1,7 milhão de DVDs e 2,2 milhões de televisores. Desde o ano passado, as Casas Bahia associaram-se ao Bradesco para financiar parte de suas vendas a prazo." Nasci em São Caetano do Sul e vi o surgimento dessa organização como uma pequena loja, num bairro onde os nordestinos (então chamados de baianos) moravam em grande número.

E me pergunto porque um banco, que foi um dos que mais lucraram em 2005 (usando nosso dinheiro que fica lá parado durante o mês), agora se liga a uma empresa que se especializou em financiar as classes mais pobres? Creio que os bancos já ganham bastante com os mais ricos e agora se voltam para tirar também dos mais pobres o pouco que eles têm, através de juros de mais de 100% ao ano, como diz o artigo. Por que o ser humano quer ter cada vez mais e mais.

Será que vamos também nos deixar levar por esse sistema? Sabemos que a nossa vida aqui na Terra é apenas um teste ou uma preparação para a vida eterna que gozaremos com o Senhor. O dinheiro que o Senhor coloca em nossas mãos é para o avanço do Reino. Os bens ficarão na Terra quando formos levados às regiões celestiais. Qual deve ser a nossa posição quando vemos o mundo todo correndo atrás de mais luxo, conforto, agradando a carne e satisfazendo os olhos?

Irmãos, é hora de levantar os olhos aos céus e clamar: "Maranata". E viver estes últimos dias como disse o apóstolo Paulo: "Isto, porém, vos digo, irmãos: o tempo se abrevia; o que resta é que não só os casados sejam como se o não fossem; mas também os que choram, como se não chorassem; e os que se alegram, como se não se alegrassem; e os que compram, como se nada possuíssem; e os que se utilizam do mundo, como se dele não usassem; porque a aparência deste mundo passa." (I Coríntios 7:29-31)

Ulysses Menzen Bueno
Treinador do Curso de Finanças Crown e membro do Conselho Consultivo da Universidade da Família

quinta-feira, 22 de junho de 2006

Dureza de Coração na Itália

Conheça o Campo Missionário

Realidade Espiritual


A Itália é um dos campos mais duros à pregação do evangelho de Jesus. Estando aqui posso perceber a dureza do coração do povo italiano. Abaixo você poderá ler algumas informações que provavelmente não imaginava se tratarem da Itália:

A perseguição aos protestantes persistiu por quase 800 anos. As últimas três décadas de liberdade religiosa tem sido encarada com indiferença. O ocultismo é generalizado, é reconhecido que existem 100.000 feiticeiros que dão consultas em tempo integral, três vezes maior o número de sacerdotes católicos. O satanismo é forte no norte, Turim é um dos maiores centros para este tipo de atividade, que inclui orar para a remoção de todos os missionários evangélicos do país. O controle das forças espirituais na Itália nunca foi totalmente expulso em 2000 anos.

A Igreja Católica Romana poderosa por tanto tempo perdeu nove milhões de membros nesta geração. Sua influência e o número de sacerdotes diminuíram dramaticamente. Muitos italianos desprezam e ignoram a igreja, contudo suas tradições e mente formada permeiam todos os aspectos da vida nacional, e a freqüência à igreja permanece uma das mais altas da Europa. Na sua desilusão, muitos se voltaram para os pensamentos da Nova Era, para as seitas, para o oculto e as drogas. Ore para que essa cegueira espiritual seja removida.

As infames Máfia Siciliana e a Camorra Napolitana tem se infiltrado em todos os setores da sociedade. Seu poder e influência é tal que toda tentativa legal ou judicial para domar esse monstro tem falhado. Autoridades do governo e líderes, autoridades da igreja, e mesmo o próprio Vaticano tem sido subvertidos, e as atitudes da população em geral envenenada por esse sistema maligno. Crime e extorsão são lugar comum, esta última tem uma receita anual estimada em US$23 bilhões. Este dinheiro e aquele ganho com o lucrativo comércio de drogas é usado para comprar políticos, influência e até mesmo indústrias. Ore por aqueles poucos corajosos que arriscam suas vidas para combater este sistema maligno e introduzir um sistema de governo novo e mais eficaz. Ore para que a sociedade italiana se livre desse cativeiro e seja transformada pelo poder do evangelho.

Os Setores menos alcançados da população

As minorias não alcançadas:


Menos de 2.000 comunidades da Itália tem um testemunho evangélico estabelecido. As outras 31.000 NÃO TEM.


A parte nordeste da Região do Vêneto com cidades de Veneza, Pádova e Vicenza com 4.380.000 habitantes, mas talvez, com não mais do que 400 cristãos evangélicos.


A Sardenha, uma ilha no Mediterrâneo com autonomia limitada, tem 1.655.000 habitantes com cultura e língua própria. Exitem somente cerca de 10 igrejas evangélicas, e poucos obreiros cristãos. Desconfiança de estrangeiros, medo, vinganças, o ocultismo e as atividades dos testemunhas de Jeová, tudo fazem com que qualquer campanha evangelística seja difícil.


As cidades materialistas do norte, Milão, Turim, Bolonha e Veneza tem poucas igrejas. Muitas cidades não tem qualquer testemunho evangélico.


Estima-se em 400.000 os viciados em heroína, com aumento da incidência da infecção HIV+, apresentam um desafio desesperador e necessário e ainda não suprido pelos evangélicos, com exceção daqueles em Nápoles - CBInternational e outros.

A Igreja protestante esta fraca e dividida, e demonstra pouco pensamento cooperativo e estratégico entre os líderes, apesar que existem aqueles que procuram mudar essa situação. As igrejas tendem a serem pequenas, introspectivas e muito ignorantes dos desafios bíblicos com missões. No entanto, um crescimento vagaroso e contínuo é evidente. O protestantismo é ainda geralmente tido como uma seita estrangeira, apesar da existência da igreja nativa dos Waldenses, a denominação mais antiga protestante. Essa última esta atualmente unida nacionalmente com os metodistas e alguns batistas e, infelizmente, influenciada pela doutrina liberal. Ore por reavivamento que quebre as barreiras e traga verdadeira unidade espiritual e um impulso para evangelizar a Itália.

Evangelismo. Os crentes italianos tem mostrado um aumento no entusiasmo para alcance desde 1984. O sul tem sido mais receptivo, sendo a Sicília a mais futífera. Os esforços incansáveis dos testemunhas de Jeová levou-os a um aumento igual aos de todos os pentecostais e carismáticos, e tem complicado e dificultado o testemunho pessoal.

A falta de líderes cristãos italianos maduros nas igrejas protestantes no níveis nacional e pastoral esta paralisando o avanço do evangelho. Conflitos internos e escândalos devido ao orgulho, busca de dinheiro e poder tem prejudicado o testemunho. Ore por humildade, quebrantamento e unidade entre os servos do Senhor. Ore pelo aumento na ênfase na pregação de santidade interior, unidade familiar e que a vida da congregação local produza frutos nas vidas. Ore também pelas escolas bíblicas e seminários, cinco denominacionais e duas interdenominacionais, e por um aumento no número de estudantes.

A Itália necessita de missionários, mas que sejam capacitados. A taxa de perdas foi exageradamente alta no passado, sendo que somente 10% em média voltam para o segundo termo. As pressões das forças espirituais e oposição entrincheirada à mensagem do missionário o expõe a qualquer inadequações pessoais. Ore para que saiam ao campo da colheita aqueles com resistência espiritual, maturidade emocional, adaptabilidade cultural e fé dada por Deus.

População - 57.592.000 (1995) Densidade - 191/Km

Religião - O catolicismo romano deixou de ser a religião do estado em 1984. Todas a religiões tem total liberdade diante da lei.

Não Religiosos/outros - 17,7%. Quase todos foram batizados na igreja católica.

Muçulmanos - 1,9%.

Judeus - 31.800.

Baha'I - 5.000

Protestantes - 1,14% - Crescimento 2%

.
Os muçulmanos cresceram rapidamente, através da imigração legal ou ilegal, para possivelmente 750.000, 70% dos quais são do norte da África. Existe pouco alcance específico para eles.
Os africanos de toda a África ao sul do Saara tem imigrado em busca de trabalho, muitos vivendo em Roma, onde existem cerca de 20.000.


Os albaneses de longa data estabelecidos na Calábria e Sicília, falam seus próprios dialetos arcaicos, mas pouco alcance de longo prazo foi feito. A enchente de jovens albaneses fugindo da caótica Albânia desde 1990 chegam a 30.000. Eles respondem com carinho a ajuda material e espiritual prestada pelas igrejas e missões. Ore por conversões e igrejas.


As minorias no nordeste. Os friulanos, ladinos, eslovênios, e tiroleses alemães do sul, todos com suas culturas distintas, mas pouco esforço direto esta sendo feito para alcançar esses firmes católicos tradicionais com a mensagem de uma nova vida em Jesus. A Escola Bíblica Vida Nova na Suíça tem desenvolvido um bom testemunho para os tiroleses alemães do sul.


As minorias gregas e croatas no sul.

Pr.Fabiano e Anne Nicodemo.
http://www.jmmitalia.com/espiritual.html

Atletas de Cristo na Revista Veja

Confira a reportagem sobre o trabalho dos Atletas de Cristo publicada na revista Veja

Os pastores das estrelas

Às vésperas de cada partida do Brasil na Copa, dois batistas entram discretamente na concentração e se reúnem com um grupo de jogadores. Nessas reuniões sempre é discutido um trecho da Bíblia e como ele se aplica à vida dos craques e à disputa pelo título mundial. O time de evangélicos no elenco de Parreira é grande. Inclui Kaká, Zé Roberto, Lúcio, Cris, Gilberto, Luisão e Mineiro. Todos costumam participar dos encontros religiosos nos hotéis em que se hospedam na Alemanha.

Os evangélicos são o pastor paranaense Anselmo Reichardt, de 47 anos, e o mineiro Alex Dias Ribeiro, de 57, ambos ex-esportistas. Reichardt foi ponta-direita do Atlético Paranaense nos anos 80 e Dias Ribeiro, piloto de Fórmula 1 na década de 70. Os dois são pioneiros dos Atletas de Cristo, entidade criada há duas décadas com o objetivo de "promover por todos os meios a proclamação do Evangelho através do esporte". Já nos tempos de piloto, Dias Ribeiro disputava grandes prêmios com a inscrição "Cristo salva", em inglês ou português, no capacete ou no carro de corrida.

A relação entre os evangélicos e a seleção é antiga. Nos anos 80, o goleiro João Leite, do Atlético Mineiro, tornou-se um dos primeiros a usar o futebol para divulgar sua fé. Na seleção tetracampeã de 1994, o evangélico mais notório era o lateral Jorginho, hoje presidente dos Atletas de Cristo. No início do ano, quando era técnico do América do Rio de Janeiro, Jorginho trocou o símbolo do clube – um capeta, vade retro! – por uma águia. "O diabo é o maior perdedor da história", explicou. O América não ganha o campeonato carioca desde 1960. Neste ano, exorcizado o demônio, chegou às semifinais pela primeira vez em duas décadas. Na seleção brasileira, o contato entre os pastores e os jogadores surgiu por intermédio do zagueiro Lúcio, cujo empresário conhecia Reichardt.

As reuniões não ocorrem apenas na véspera dos jogos. Pelo menos quatro foram realizadas no hotel de Königstein onde a seleção permaneceu até sexta-feira. Toma-se o cuidado de não atrapalhar a programação do time. "Só nos encontramos em horas livres, pela manhã, com autorização do professor Parreira", conta Reichardt. O técnico da seleção já declarou que a religiosidade de parte dos jogadores não interfere em seu trabalho. Por isso, autorizou os encontros. Em cada um deles estuda-se um trecho diferente das Escrituras. Recentemente, por exemplo, tratou-se do primeiro livro de Samuel, que narra a luta entre Davi e Golias. "Golias foi para a batalha confiando somente em si, enquanto Davi estava bem treinado, mas também confiava em Deus", afirma Reichardt. Na recém-lançada versão da Bíblia dos Atletas de Cristo, Davi diz a Golias: "Você vem contra mim com espada, lança e dardo. Mas eu vou contra você em nome do Senhor Todo-Poderoso". A lição desse confronto, segundo Reichardt, se aplica a situações como a vivida na estréia da seleção contra a Croácia – embora, a rigor, o Brasil esteja nesta Copa mais para Golias do que para Davi.

Coincidência ou não, os evangélicos Kaká, Lúcio e Zé Roberto destacaram-se na vitória por 1 a 0. "A palavra e a vida de Jesus nos ensinam a ajudar uns aos outros nos momentos difíceis", acredita Zé Roberto, que joga na Alemanha e assinou uma autobiografia, Traumpass ins Leben (algo como Passe de Craque para a Vida), sobre a importância da fé para sua carreira. "Assim como o ser humano precisa alimentar a carne, para ser forte também se deve alimentar o espírito", prega.

quarta-feira, 21 de junho de 2006

Vendo o invisível

1 Tm 1:17   Ora, ao Rei dos séculos, imortal, invisível, ao único Deus, seja honra e glória para todo o sempre. Amém.

Ontem pela manha olhei para meu guarda-chuva novinho. Era um guarda-chuva daqueles pequenininhos, que cabe na pasta 007 e que da para levar para o trabalho todo o dia pois não pesa muito.

Eu que moro numa cidade e trabalho noutra, muitas vezes saio de casa com tempo bom, mas chego no trabalho com chuva e vice-versa.

Eu estava satisfeito, o guarda-chuva me dava uma sensação de conforto.

Todo dia antes de sair eu olhava a previsão do tempo, que até tinha uma boa dose de acerto, mas vez por outra errava.

O guarda-chuva me dava essa sensação de que eu ia escapar de alguns respingos incômodos, talvez um resfriado.

Comecei a pensar em como certas vezes a gente fica psicologicamente dependente de certas coisas modernas.

Antes ninguém tinha celular. Hoje em casa temos 5 pré-pagos para saber se tudo está bem, que horas vai chegar, etc.

Lembrei-me daquelas crianças no pós-guerra, que não conseguiam dormir de noite, pelo medo do dia de amanhã, da fome, do perigo.
Os soldados americanos lhes deram um pedaço de pão para segurar, não para comer e elas dormiam segurando um pedaço de pão.
Dessa forma se tranqüilizavam sobre o dia de amanhã. Não iam passar fome.

De repente comecei a compreender a grandeza de homens como Abraão, que não tinha Bíblia, não tinha Igreja, não tinha culto organizado mas que se relacionava com esse Deus invisível a ponto de tornar-se seu amigo. E o Deus invisível aparece a Abraão e fala com ele e lhe faz promessas.

David enfrenta um urso e um leão e vai enfrentar Golias sem armadura, sem estatura, sem preparo, mas confiando num Deus que ele não via, mas a quem confiava a própria vida.

Não que estas modernidades estejam erradas. Vivemos no mundo. Jesus não orou ao Pai para que Ele nos tirasse do mundo mas para que nos livrasse do mal.


Mas precisamos olhar para o Deus invisível, ser amigos dele, depender dele, fazer coisas ousadas para Ele, por Ele, por amor a Ele, porque Ele é bom, nele se pode confiar.

Abaixo os falsos confortos. Eles falham. Não podemos deixar que o nosso coração se apegue a eles. Eles são dispensáveis.

Sl 23:1 O Senhor é o meu pastor e nada me faltará

Isto não quer dizer que não me faltará celular, guarda-chuva ou qualquer outra coisa, mas que não sentirei falta de coisa alguma, pois o Senhor, que é o meu Pastor, me basta. Com Ele não sinto falta de nada. Ele me é suficiente.

Fp 4:19   Meu Deus suprirá todas as vossas necessidades segundo as suas riquezas na glória em Cristo Jesus.

segunda-feira, 19 de junho de 2006

A mulher samaritana, Coca-Cola e Jesus - Pr. Ricardo Gondim

Às vezes, a gente ouve certas coisas que não aceita, mas não sabe bem o porquê. Só depois de algum tempo entende. Não foi por mera antipatia que aquela mensagem não desceu bem. Recordo-me quando ouvi pela primeira vez o paralelo entre Jesus e a Coca-Cola. O pregador, inflamado de zelo e paixão missionária, afirmava que numa viagem ao interior do Haiti, sob uma temperatura de mais de 40 graus, sentiu-se aliviado quando parou num quiosque miserável feito de palha de coqueiros e pôde comprar uma garrafa do mais famoso refrigerante do mundo. Devidamente refeito depois de beber sua Coca geladinha, perguntou ao dono da venda se já ouvira falar de Jesus. Ele não sabia de quem se tratava. E o nosso palestrante fez sua analogia, tentando dar um choque na complacência da igreja ocidental: “A Coca-Cola conseguiu alcançar o mundo inteiro em menos de um século e a igreja cristã ainda não cumpriu a ordem da Grande Comissão em mais de 20 séculos!”. Depois daquela primeira exortação, já devo ter escutado essa mesma comparação uma dúzia de vezes em diversas conferências missionárias. Verdade ou tolice? Pior. Estou certo que essas ilustrações não são meros simplismos, nascem de grandes erros teológicos (ou ideológicos?).

Coca-Cola é uma bebida inventada na Geórgia, Estados Unidos, com uma fórmula secreta. Sabe-se que sua receita original continha alguns ingredientes também encontrados na cocaína, daí o seu nome. Seus fabricantes nunca intencionaram outro propósito senão matar a sede das pessoas. A The Coca-Cola Company não convoca ninguém a rever valores do caráter, não confronta estruturas de morte, não se propõe a aliviar culpa, não revela a eternidade e nem Deus. Para chegar aos quiosques mais remotos do globo, bastou criar um produto doce e gaseificado. Investir bilhões em boas estratégias de propaganda, construir fábricas e desenvolver uma boa rede de distribuição para que o produto chegasse com a mesma qualidade nos pontos de venda. Tentar comparar a missão da igreja no anúncio do Reino de Deus às estratégias de mercado de um refrigerante, beira o absurdo. Confunde-se um bem material com uma pessoa e enxerga-se na mensagem um produto. Os missiólogos sucumbiram à lógica do mercado do novo milênio? Acreditam mesmo que cumpriremos nossa missão com os instrumentais corporativos? Tudo pode se tornar um produto?

No Brasil, o esforça-se muito para “vender” o Evangelho. Quase não se usa a mídia para proclamar os conteúdos do Evangelho. Alardeiam-se os benefícios da fé. Basta observar a enormidade de tempo gasto divulgando os horários dos cultos, a eficácia da oração, mostrando que aquela igreja é melhor e que a sua mensagem é a mais forte para resolver todos os problemas das pessoas. Aborda-se o Evangelho como um produto eficaz e adota-se uma mentalidade empresarial no seu anúncio. Prometem-se enormes possibilidades. Tratam as pessoas como clientes e sem constrangimento, anuncia-se que qualquer um pode adquirir esse determinado benefício com um esforço mínimo. As igrejas se transformam em balcões de serviços religiosos ou supermercados da fé. A tendência de oferecer cultos diferenciados e as intermináveis campanhas de milagres demonstram bem esse espírito. Como um supermercado com as gôndolas recheadas de produtos, as igrejas procuram incrementar os “serviços” ao gosto dos fregueses. Os pastores dividem os dias da semana com programações atrativas; gastam suas energias desenvolvendo estratégias que atraiam o maior número de pessoas. Sonham com auditórios lotados. Campanhas, correntes e demonstrações grotescas de exorcismos e milagres financeiros se sucedem. As pessoas, por sua vez, se achegam, seduzidos pelas promoções das prateleiras eclesiásticas.

Esse modelo induz as pessoas a adorarem a Deus por aquilo que ele dá e não por quem é. Não se anuncia o senhorio de Cristo, apenas os benefícios da fé. Os crentes acabam tratando a Bíblia como um amuleto e, supersticiosos, continuam presos ao medo. Vive-se uma religião de consumo.

Mas existe outra dimensão ainda mais sutil. Naomi Klein, jornalista canadense, publicou recentemente “Sem Logo” (Editora Record) para denunciar a tirania das marcas em um planeta obcecado pelo consumo. Ela defende a tese de que a grandes corporações do mercado global não vendem apenas os seus produtos, mas a marca. Procuram criar uma filosofia de vida embutida em seus produtos. Desejam induzir seus consumidores a acreditarem que podem viver um determinado estilo de vida, desde que comprem aquela marca específica. Assim os fumantes de Marlboro imaginam personificar o “cowboy” solitário, mesmo morando em um apartamento. Quando atletas amadores vestem as roupas ou calçam os tênis da Nike, acham que se transformam em campeões. Gente que vive presa no trânsito apinhado das grandes metrópoles, ao dirigir jipes com tração nas quatro rodas, sente-se desbravando sertões. Klein declara: “’Marcas, não produtos!’ tornou-se o grito de guerra de um renascimento do marketing liderado por uma nova estirpe de empresas que se viam como ‘agentes de significado’ em vez de fabricantes de produtos. Segundo o velho paradigma, tudo o que o marketing vendia era um produto. De acordo com o novo modelo, contudo, o produto sempre é secundário ao verdadeiro artigo. A marca e a sua venda adquirem um componente adicional que só pode ser descrito como espiritual”.

Infelizmente percebe-se o mesmo em determinados círculos cristãos. Querem fazer do Evangelho uma grife. Como? Primeiro transforma-se um seleto grupo de evangelistas, cantores e pastores em superestrelas ao estilo de Hollywood. Depois associam seu nome a grandes eventos e dão-lhes o holofote. Ensinam-lhes habilidades espirituais acima da média. Assim produzem-se ícones semelhantes aos do mundo do entretenimento. Eles aglutinam multidões, vendem qualquer coisa e criam novas modas. A indústria fonográfica enriquece, os congressos se enchem, e os novos astros do mundo “gospel” alavancam suas igrejas.

Jesus dialogou com uma mulher samaritana e ofereceu-lhe uma água viva. A mulher imaginou essa água com raciocínios concretos. Pensou que ao beber, nunca mais teria sede. Uma água dessas hoje, devidamente comercializada, seria um tesouro sem preço. “Dá-me dessa água e assim nunca mais terei que voltar aqui”.

Jesus corrigiu sua linha de pensamento. A água que ele oferecia não era mágica, mas um relacionamento: filhos e filhas adorando ao Criador em espírito em verdade. Infelizmente muitos evangélicos brasileiros propagandeiam água mágica. Pretensamente matando a sede de qualquer um no estalar dos dedos.

O evangelho não é produto ou grife, volto a repetir, mas uma alvissareira notícia. Não deveria se escravizar às regras do mercado. Ricardo Mariano em sua tese de doutoramento concluiu, para a vergonha de tantas igrejas neo-pentecostais: “As concessões mágicas feitas pelas igrejas pentecostais às massas desafortunadas, por certo, não constituem tão-somente meras concessões... observa-se que a oferta pentecostal de serviços mágicos segue cada vez mais uma dinâmica empresarial, ditada pela férrea lógica do mercado religioso, que pressiona os diferentes concorrentes religiosos a acirrarem seu ativismo e a tornarem mais eficazes suas ações e estratégias evangelísticas”.

Essa mercadoria religiosa caricaturada de evangelho não representa o leito principal da tradição apostólica. A indústria que encena essa coreografia carismática de muito barulho e pouca eficácia, não conta com o aval de Deus. Há de se voltar ao anúncio doloroso do arrependimento como primeira atitude para os candidatos ao Reino. Não se pode, em nome de templos lotados, omitir a mensagem da cruz. Precisa-se repetir sem medo a mensagem de Jesus: “Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Marcos 8.34).

Se não voltarmos aos fundamentos do Evangelho, teremos sempre clientes religiosos, nunca seguidores de Cristo. Faremos proselitismo sem evangelizar. Aumentaremos nossa arrecadação sem denunciar pecados. Construiremos instituições humanas sem encarnação do Reino de Deus. E pior, continuaremos confundimos Jesus com Coca-Cola. No Maranhão há um refrigerante de grande sucesso com a marca Jesus. Entretanto, não se pode desejar alcançar o sucesso transformando Jesus numa soda e as igrejas em quiosques religiosos.

Que Deus tenha piedade de nós.

Soli Deo Gloria.


..Quem escreveu o artigo acima?

Pr. Ricardo Gondim
Pastor da Igreja Betesda
Escritor de diversos livros e conferencista
site: http://www.ricardogondim.com.br

domingo, 18 de junho de 2006

Não quero ser Apóstolo - Pr. Ricardo Gondim

Os pastores possuem um fino senso de humor. Muitas vezes, reúnem-se e contam casos folclóricos, descrevem tipos pitorescos e narram suas próprias gafes. Riem de si mesmos e procuram extravasar na gargalhada as tensões que pesam sobre os seus ombros. Ultimamente, fazem-se piadas dos títulos que os líderes estão conferindo a si próprios. É que está havendo uma certa, digamos, volúpia em pastores se promoverem a bispos e apóstolos. Numa reunião, diz a anedota, um perguntou ao outro: "Você já é apóstolo?" O outro teria respondido: "Não, e nem quero. Meu desejo agora é ser semi-deus". Apóstolo agora está virando arroz de festa e meu ministério é tão especial que somente este título cabe a mim". Um outro chiste que corre entre os pastores é que se no livro do Apocalipse o anjo da igreja é um pastor, logo, aquele que desenvolve um ministério apostólico seria um "arcanjo".

Já decidi! Não quero ser apóstolo! O pouco que conheço sobre mim mesmo faz-me admitir, sem falsa humildade, que não eu teria condições espirituais de ser um deles. Além disso, não quero que minha ambição por sucesso ou prestígio, que é pecado, se transforme em choça.

Admito que os apóstolos constam entre os cinco ministérios locais descritos pelo apóstolo Paulo em Efésios 4.11. Não há como negar que os apóstolos foram estabelecidos por Deus em primeiro lugar, antes dos profetas, mestres, operadores de milagres, dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas. Mas, resigno-me contente à minha simples posição de pastor. Já que nem todos são apóstolos, nem todos profetas, nem todos mestres ou operadores de milagres, como consta na epístola aos Coríntios 12.29, parece não haver demérito em ser um mero obreiro.

Meus parcos conhecimentos do grego não me permitem grandes aventuras léxicas. Mas qualquer dicionário teológico serve para ajudar a entender o sentido neotestamentário do verbete "apóstolo" ou "apostolado". Usemos a Enciclopédia Histórico-Teológico da Igreja Cristã, das Edições Vida Nova: "O uso bíblico do termo "apóstolo" é quase inteiramente limiitado ao NT, onde ocorre setenta e nove vezes; dez vezes nos evangelhos, vinte e oito em Atos, trinta e oito nas epístolas e três no Apocalipse. Nossa palavra em Português, é uma transliteração da palavra grega apostolos, que é derivada de apostellein, enviar. Embora várias palavras com o significado de enviar sejam usadas no NT, expressando idéias como despachar, soltar, ou mandar embora, apostellein enfatiza os elementos da comissão - a autoridade de quem envia e a
responsabilidade diante deste. Portanto, a rigor, um apóstolo é alguém enviado numa missão específica, na
qual age com plena autoridade em favor de quem o enviou, e que presta contas a este".

Jesus foi chamado de apóstolo em Hebreus 3.1. Ele falava os oráculos de Deus. Os doze discípulos mais próximos de Jesus, também receberam esse título. O número de apóstolos parecia fixo, porque fazia um paralelismo com as doze tribos de Israel. Jesus se referia a apenas doze tronos na era vindoura (Mateus 19.28; cf Ap 21.14). Depois da queda de Judas, e para que se cumprisse uma profecia, ao que parece, a igreja sentiu-se obrigada, no primeiro capítulo de Atos, a preencher esse número. Mas na história da igreja, não se tem conhecimento de esforços para selecionar novos apóstolos para suceder àqueles que morreram (Atos12.2). As exigências para que alguém se qualificasse ao apostolado, com o passar do tempo, não podiam mais se cumprir: "É necessário, pois, que, dos homens que nos acompanharam todo o tempo que o Senhor Jesus andou entre nós, começando no batismo de João, até ao dia em que dentre nós foi levado às alturas, um destes se torne testemunha conosco da sua ressurreição" (Atos 2.21-22).

Portanto, alguns dos melhores exegetas do Novo Testamento concordam que as listas ministeriais de I Coríntios 12 e Efésios 4 referem-se exclusivamente aos primeiros e não a novos apóstolo.

Há, entretanto, a peculiaridade do apostolado de Paulo. Uma exceção que confirma a regra. Na defesa de seu apostolado em I Coríntios 15.9, ele afirmou que foi testemunha da ressurreição (vira o Senhor na estrada de Damasco), mas reconhecia que era um abortivo (nascido fora de tempo). "Porque sou o menor dos apóstolos, que mesmo não sou digno de ser chamado apóstolo, pois persegui a igreja de Deus" (15.10). O testemunho de mais de dois mil anos de história é que os apóstolos foram somente aqueles doze homens que andaram com Jesus e foram comissionados por ele para serem as colunas da igreja, comunidade espiritual de Deus.

O que preocupa nos apóstolos pós-modernos é ainda mais grave. Tem a ver com a nossa natureza que cobiça o poder, que se encanta com títulos e que fez do sucesso uma filosofia ministerial. Há uma corrida frenética acontecendo nas igrejas de quem é o maior, quem está na vanguarda da revelação do Espírito Santo e quem ostenta a unção mais eficaz. Tanto que os que se afoitam ao título de apóstolo são os líderes de ministérios de grande visibilidade e que conseguem mobilizar enormes multidões. Possuem um perfil carismático, sabem lidar com massas e, infelizmente, são ricos.

Não quero ser um apóstolo porque não desejo a vanguarda da revelação. Desejo ser fiel ao leito principal do cristianismo histórico. Não quero uma nova revelação que tenha sido desapercebida de Paulo, Pedro, Tiago ou Judas. Não quero ser apóstolo porque não quero me distanciar dos pastores simples, dos missionários sem glamour, das mulheres que oram nos círculos de oração e dos santos homens que me precederam e que não conheceram as tentações dos mega eventos, do culto espetáculo e da vã-glória da fama. Não quero ser apóstolo, porque não acho que precisemos de títulos para fazer a obra de Deus, especialmente quando eles nos conferem estatus. Aliás, estou disposto, inclusive a abrir mão de ser chamado, pastor, se isso representar uma graduação e não uma vocação ao serviço.

Não desdenho as pessoas, sinto apenas um enorme pesar em perceber que a ambiência evangélica conspira para que homens de Deus sintam-se tão atraídos a ostentação de títulos, cargos e posições. Embriagados com a exuberância de suas próprias palavras, crentes que são especiais, aceitam os aplausos que vêm dos homens e se esquecem que não foi esse o espírito que norteou o ministério de Jesus de Nazaré.

Ele nos ensinou a não cobiçar títulos e a não aceitar as lisonjas humanas. Quando um jovem rico o saudou com um "Bom Mestre", rejeitou a interpelação: "Porque me chamas bom? Ninguém é bom senão um, que é Deus" (Mc 10.17-18). A mãe de Tiago e João pediu um lugar especial para os seus filhos. Jesus aproveitou o mal estar causado, para ensinar: "Sabeis que os governadores dos povos os dominam e que os maiorais exercem autoridade sobre eles. Não é assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós será vosso servo; tal como o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos" (Mateus
20.25-28).

Os pastores estão se esquecendo do principal. Não fomos chamados para termos ministérios bem sucedidos, mas para continuarmos o ministério de Jesus, amigo dos pecadores, compassivo com os pobres e identificado com as dores das viúvas e dos órfãos. Ser pastor não é acumular conquistas acadêmicas, não é conhecer políticos poderosos, não é ser um gerente de grandes empresas religiosas, não é pertencer aos altos graus das hierarquias religiosas. Pastorear é conhecer e vivenciar a intimidade de Deus com integridade. Pastorear é caminhar ao lado da família que acaba de enterrar um filho prematuramente e que precisa experimentar o consolo do Espírito Santo. Pastorear é ser fiel à todo o conselho de Deus; é ensinar ao povo a meditar na Palavra de Deus. Ser pastor é amar os perdidos com o mesmo amor com que Deus os ama.

Pastores, não queiram ser apóstolos, mas busquem o secreto da oração. Não ambicionem ter mega igrejas, busquem ser achados despenseiros fieis dos mistérios de Deus. Não se encantem com o brilho deste mundo, busquem ser apenas serviçais. Não alicercem seus ministérios sobre o ineditismo, busquem manejar bem a palavra da verdade; aquela mesma que Timóteo ouviu de Paulo e que deveria transmitir a homens fieis e idôneos que por sua vez instruiriam a outros. Pastores, não permitam que os seus cultos se transformem em shows. Não alimentem a natureza terrena e pecaminosa das pessoas, preguem a mensagem do Calvário.

Santo Agostinho afirmou: "O orgulho transformou anjos em demônios". Se quisermos nos parecer com Jesus, sigamos o conselho de Paulo aos filipenses: "Tende o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, pois ele subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz" (2.5-8).


Soli Deo Gloria

Texto do Pastor Ricardo Gondim